México. Jornal encerra atividades após assassinatos de jornalistas

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Por: João Flores da Cunha | 06 Abril 2017

O jornal Norte, de Ciudad Juárez, no México, anunciou no dia 2-4 o encerramento de suas atividades devido “aos perigos e condições adversas” para o exercício do jornalismo no país. Apenas em março deste ano, três jornalistas foram assassinados no México. A vítima mais recente, Miroslava Breach, morta em 23-3, era colaborada do Norte.

Em uma carta dirigida aos seus leitores e publicada na capa do diário, o proprietário e diretor-geral do Norte, Oscar Cantú, afirmou que “não existem garantias ou segurança” para o exercício do “jornalismo crítico, de contrapeso” no México. Ele disse que o assassinato de Breach o fez refletir sobre a situação da profissão no país, e concluiu que o “alto risco é o ingrediente principal” no trabalho dos jornalistas mexicanos.

A edição com o anúncio da decisão de Cantú foi a última da história do diário, que circulou durante 27 anos. Além da edição impressa, o Norte encerrou também sua versão digital.

Os três assassinatos apenas em março evidenciaram o perigo enfrentado pelos jornalistas mexicano por conta do exercício de sua profissão. Além de Breach, foram mortos a tiros Ricardo Monlui, no dia 19-3, e Cecilio Pineda Birto, no dia 2-3.

O governo nacional, através da Secretaria de Governo, reconheceu a gravidade da situação e prometeu tomar ações para lidar com o problema. A pasta pediu que haja um trabalho coordenado entre governos municipais e estaduais e os meios de comunicação para melhorar as condições para o exercício do jornalismo no país.

Em comunicado oficial, a secretaria afirmou que “ante o anúncio do fechamento da edição impressa do jornal Norte de Ciudad Juárez, a Secretaria de Governo reafirma a importância de redobrar esforços das instâncias federais para garantir a liberdade de imprensa e o direito à informação que têm os cidadãos”. A pasta reconheceu o valor do trabalho jornalístico no “fortalecimento de nossa democracia”, e pôs à disposição dos profissionais o Mecanismo de Proteção para Pessoas Defensoras de Direitos Humanos e Jornalistas, que proporciona medidas de segurança às pessoas ameaçadas.

A organização não-governamental Repórteres sem Fronteiras pediu ao governo mexicano que tome “medidas firmes” para frear o que chamou de “mortífera espiral” na violência contra jornalistas. De acordo com a ONG, “este país é, mais do que nunca, um território hostil para a imprensa”.

Além dos três assassinatos, houve ainda duas tentativas de homicídio em março no México. Um jornalista está hospitalizado em estado grave, e um integrante da escolta de outro jornalista morreu em um ataque ao profissional.

Segundo balanço divulgado pela Repórteres sem Fronteiras, o México foi o terceiro país com maior número de mortes de jornalistas em 2016, ficando atrás apenas de Iraque e Síria, que passam por conflitos armados internos. Em seu levantamento, a entidade contabiliza assassinatos que ocorreram no exercício da profissão ou por conta dela.

A situação do jornalismo no México preocupa também por conta da impunidade nos crimes. De acordo com dados do próprio governo, durante o mandato do presidente Enrique Peña Nieto, de 604 investigações de delitos cometidos contra jornalistas, apenas 3 resultaram em sentenças condenatórias. Os dados se referem ao período entre dezembro de 2012, quando ele assumiu, e janeiro de 2017.

No dia 25-3, dois dias após a morte de Miroslava Breach, jornalistas organizaram uma marcha na Cidade do México para protestar contra o assassinato de seus colegas e a impunidade. Eles pediram justiça para os profissionais mortos. Também houve manifestações em cidades de outros estados mexicanos.

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