A Igreja Protestante Unida pede perdão à comunidade judaica pelo antissemitismo de Martinho Lutero

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06 Dezembro 2016

Na quinta-feira à noite, havia uma boa gente na Grande Sinagoga de Bruxelas por ocasião do colóquio anual do grupo Judeus e Cristãos – Vamos nos comprometer. Com efeito, ao lado do presidente do Consistório Central Israelita, Philippe Markiewicz, encontrava-se o cardeal Jozef De Kesel, o grande-rabino Albert Guigui e o presidente do Sínodo dos Protestantes da Bélgica, Steven H. Fuite.

A reportagem é de Christian Laporte e publicada por La Libre, 02-12-2016. A tradução é de André Langer.

Pela sexta vez o coletivo Judeus e Cristãos – Vamos nos comprometer abordou um aspecto teológico do diálogo judeu-cristão. No princípio, havia um grupo composto, entre outros, pelo Pe. Thaddée Barnas de Chevetogne, pela irmã Michèle Debrouwer da Congregação de Nossa Senhora de Sião, Nadine Iarchy do Conselho das Mulheres Judias da Bélgica, Désiré Demeulenaere de Caminhos de Encontro entre Judeus e Cristãos, assim como os professores de religião católica Marc Henri Belleflame e de religião judaica Gaëlle Szyffer.

Na quinta-feira, os participantes discutiram uma série de declarações recentes no contexto do diálogo judeu-cristão: um texto de pensadores judeus da França, uma declaração sobre o cristianismo de um grupo de rabinos ortodoxos e a reflexão teológica da Comissão para as Relações Religiosas com o Judaísmo do Vaticano por ocasião do 50º da Nostra Aetate. Mas, o texto mais esperado foi uma carta na qual os protestantes da Bélgica pediram desculpas pelo antissemitismo de Martinho Lutero.

Uma Reforma que se difundiu rapidamente entre nós

Dirigindo-se diretamente ao seu alter-ego Philippe Markiewicz, o presidente do Consistório Central Israelita, o pastor Steven H. Fuite, presidente da Igreja Protestante Unida da Bélgica, recordou que no próximo ano todos os protestantes vão comemorar a Reforma do século XVI, cujo ponto de partida situa-se em 1517, ano em que o monge agostiniano Martinho Lutero afixou suas teses na porta da igreja de Wittenberg.

“Nossos países também exerceram um papel importante no reformismo que se seguiu e que entrou para a história com o nome de Reforma”, explicou Steven H. Fuite. “Com efeito, as novas ideias se propagaram rapidamente pela cidade portuária da Antuérpia. Não é por acaso que os primeiros mártires da Reforma eram monges agostinianos desta cidade. O movimento de Lutero iniciou também a Reforma no território que mais tarde será chamado de Bélgica. Todas as Igrejas protestantes tradicionais, como a Igreja Evangélica na Alemanha, a Igreja Protestante dos Países Baixos e a Igreja Protestante Unida da Bélgica são historicamente ligadas a Lutero. O retorno da Reforma aos textos do Tanakh [Antigo Testamento] e do Evangelho foi de grande proveito para nós, especialmente novos contatos entre as igrejas e as sinagogas. No entanto, como Igreja Protestante Unida da Bélgica, nós não podemos e não queremos comemorar o início da Reforma sem nos lembrar de uma parte muito lamentável da sua história. Nós nos referimos a algumas declarações de Lutero sobre os judeus, consignadas especialmente em seu panfleto Von den Juden und ihren Lügen (Sobre os judeus e suas mentiras).

E precisar que “embora o debate científico se debruce sobre a relação de causalidade possível entre as declarações de Lutero e as formas posteriores de antissemitismo em ambientes protestantes, nós queremos nos distanciar claramente das palavras de Lutero e queremos nos manifestar de maneira distinta dos nossos semelhantes”. Steven H. Fuite recordou ainda que protestantes e judeus se encontraram regularmente em todos os tipos de diálogos em que ambos são representantes de um culto minoritário. “Com espírito aberto, nós nos comprometemos de corpo e alma a lutar contra a discriminação, o racismo, o antissemitismo e a xenofobia”. Assim como com as pessoas que pertencem a outros cultos. É verdade que o ecumenismo e o diálogo inter-religioso são um grande trunfo para viver juntos na Bélgica...

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