Haiti, uma tragédia sem fim

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10 Outubro 2016

A extensão do desastre provocado pelo furacão Matthew começa a ser conhecida à medida que as águas baixam e os socorristas têm acesso aos lugares que ficaram devastados. Os organismos internacionais advertem que o país entrará em uma “emergência humanitária”.

A reportagem é publicada por Página/12, 08-10-2016. A tradução é de André Langer.

À medida que os dias passam e os socorristas chegam aos lugares que foram devastados pelo furacão no Haiti, a tragédia provocada vai sendo conhecida em sua verdadeira magnitude: os mortos já são 850, o que transforma o Matthew na pior catástrofe natural que o país sofre desde o terremoto de 2010. Cidades arrasadas, enchentes, estradas cortadas, milhares de pessoas evacuadas e uma calamitosa situação sanitária, levaram os organismos internacionais a alertar para uma iminente “emergência humanitária”. Entretanto, a passagem do furacão pelos Estados Unidos é muito mais benigna. Após causar tormentas na Flórida, avança pelo litoral atlântico já com menos força.

No Haiti, com o avanço dos levantamentos e a baixa das águas, os números se tornam mais críticos. À noite, as autoridades haitianas confirmaram que as vítimas fatais registradas já passavam de 850. A isto se somam cerca de 350 mil pessoas que necessitam de assistência com urgência, cerca de 21 mil evacuados e, apenas no sul do país, mais de 29 mil casas destruídas. Como se isto fosse pouco, a Organização Panamericana de Saúde (OPS) assegurou que se prevê um “aumento significativo dos casos de cólera no país”. Ainda há muitas zonas severamente afetadas, às quais ainda é praticamente impossível chegar.

O Haiti recebeu na terça-feira passada a pior versão do furacão Matthew, com ventos de mais de 235 km/h que o situaram no nível 4 na escala Saffir-Simpson, escala que vai até 5. À vulnerabilidade da população em consequência de sua condição socioeconômica – é o país mais pobre da América Latina –, acrescenta-se o desmatamento que caracteriza a sua geografia e torna o país ainda mais indefeso diante deste tipo de tempestade. Os ventos e as chuvas provocaram enchentes e aluviões que varreram milhares de casas, escolas, destruíram importantes áreas agrícolas, empresas, estradas e pontes.

A zona do sul do país foi a mais castigada pelo furacão, sobretudo os povoados de Les Cayes, Dame Marie e Jeremie, onde foi registrada a maioria das mortes. “Nossas equipes de campo foram a Jeremie e Les Cayes por ar e nos informaram que a devastação é enorme”, disse na sexta-feira passada Jean-Luc Poncelet, representante da OPS no Haiti, ao que acrescentou que “muitas estradas estão cortadas, a maioria das pessoas perderam suas casas e necessitam de alimentos, água, refúgio e saneamento”. Este organismo advertiu que os casos de cólera vão aumentar consideravelmente devido às “enchentes e ao impacto da tempestade na infraestrutura de água e saneamento”. Sobre esta problemática, o diretor do Departamento de Emergências de Saúde da OPS, Ciro Ugarte, afirmou que “existe uma necessidade urgente de ampliar significativamente a resposta para evitar uma onda de casos de cólera e assim salvar vidas”, embora “as respostas sejam limitadas”.

Ao longo dos últimos dias, diversos países e organismos internacionais enviaram ajuda, tanto material como humana, para colaborar na reconstrução do país caribenho. A Venezuela mandou três carregamentos que incluem 160 toneladas de alimentos, remédios, barracas, colchonetes, cobertores e água, além de máquinas para serem usadas na remoção de escombros, desbloqueios de estradas e reconstrução de infra-estruturas. Os Capacetes Azuis argentinos, por sua vez, que participam da missão de paz da ONU no Haiti darão sua ajuda humanitária na zona sul do país. O grupo é formado por médicos, enfermeiros e efetivos encarregados e oferecer apoio logístico.

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