Martinho Lutero foi um “mestre da fé”, dizem bispos alemães

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15 Agosto 2016

Em um novo relatório, os bispos da Alemanha dizem que o 500º aniversário da Reforma deve contar com o arrependimento de ambos os lados.

Os bispos católicos alemães elogiaram Martinho Lutero como “um testemunho evangélico e mestre da fé” e convidaram para laços mais estreitos com os protestantes.

A reportagem é de Jonathan Luxmoore, publicada por Catholic Herald, 12-08-2016. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Em um relatório de 206 páginas intitulado “A Reforma em perspectiva ecumênica”, Dom Gerhard Feige, da Diocese de Magdeburg, presidente da comissão ecumênica dos bispos do país, disse que a “história da Reforma encontrou uma recepção variável na Igreja Católica, onde seus eventos e protagonistas foram, por muito tempo, vistos sob uma luz negativa, pejorativa”.

“Embora as feridas sejam sentidas ainda hoje, é gratificante que a teologia católica tenha conseguido, nesse meio tempo, reconsiderar com sobriedade os eventos do século XVI”, afirma o texto publicado esta semana pela conferência episcopal alemã.

Feige disse que “a história e as consequências” da Reforma estarão sendo debatidas durante o seu 500º aniversário, e acrescentou que havia um consenso de que as condenações mútuas anteriores eram inválidas.

“As memórias da Reforma e a separação subsequente do cristianismo ocidental não estão livres da dor”, disse o prelado. “Mas, através de um longo diálogo ecumênico, as diferenças teológicas originadas no período foram reavaliadas – conforme documentado no trabalho apresentado por nossa comissão ecumênica”.

Martin Lazar, porta-voz diocesano de Magdeburg, disse na quarta-feira que a reforma ainda tem causado tensões na Alemanha, especialmente “em famílias separadas religiosamente”.

O relatório dos bispos diz que “a Igreja Católica pode reconhecer hoje o que foi importante na Reforma – a saber, que a Sagrada Escritura é o centro e a norma para toda a vida cristã.

“Relacionado a isso está a ideia fundamental de Martinho Lutero segundo a qual a autorrevelação de Deus em Jesus Cristo para a salvação do povo é proclamada no Evangelho – que Jesus Cristo é o centro da Escritura e o único mediador”.

Tradicionalmente a Reforma é datada a partir da publicação, de outubro de 1517, das 95 Teses de Lutero, que questionava a venda de indulgências e as bases evangélicas da autoridade papal.

Lutero foi excomungado pelo Papa Leão X em janeiro de 1521 e banido pelo imperador romano Carlos V.

Os bispos alemães descrevem Lutero como um “desbravador religioso, um testemunho evangélico e mestre da fé”, cuja “preocupação pela renovação no arrependimento e na conversão” não recebeu uma “audiência apropriada” em Roma.

Segundo os prelados, a obra do reformador ainda põe um “desafio teológico e espiritual” e tem “implicações eclesiais e políticas para a compreensão da Igreja e do Magistério”.

O relatório diz que uma declaração católico-luterana conjunta no ano de 1980 em comemoração à Confissão de Augsburg – que estabeleceu o novo credo luterano – fora fundamental para a aproximação das igrejas, enquanto um outro documento ecumênico de 1983, sobre o 500º aniversário do nascimento de Lutero, havia dado início a um “envolvimento intensivo” com a obra do reformador.

Uma declaração conjunta histórica de 1999 sobre a doutrina da justificação foi um “marco no diálogo ecumênico”, lê-se no relatório, ao reconhecer que as diferenças remanescentes “não mais deveriam ter um efeito divisor entre as igrejas”.

O documento elaborado pelos bispos inclui cartas conciliatórias de junho de 2015 entre o presidente da Conferência dos Bispos, Cardeal Reinhard Marx, e o bispo luterano Heinrich Strohm, presidente da Igreja Evangélica da Alemanha. O material delineia planos para a peregrinação ecumênica de 2017 à Terra Santa e para uma celebração quaresmal dedicada a “memórias de cura”.

Em entrevista ao Catholic News Service, o vice-presidente da comissão ecumênica Dom Heinz Algermissen, da Diocese de Fulda, declarou que os laços católico-luteranos melhoraram a partir do Concílio Vaticano II, mas que as igrejas precisam trabalhar para a “unidade visível, não somente para uma diversidade reconciliada”.

“Isso significa não só rezar juntos, mas ir ao encontro do desafio de falar com uma só voz como cristãos quando todos somos desafiados pelo ateísmo militante e pelo secularismo, assim como pelo Islã [radicalizado]. Caso contrário, iremos perder cada vez mais terreno”, disse.

“Ao comemorarmos a Reforma, não podemos somente considerar a ocasião como um jubileu, mas também admitir a nossa culpa e arrependimento do passado em ambos os lados destes últimos 500 anos”, acrescentou.

Os católicos representam 29% dos 82 milhões de habitantes na Alemanha, enquanto que a Igreja Evangélica da Alemanha conta com 27%, ainda que todas as denominações tenham enfrentado um declínio no número de membros.

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