10 Novembro 2022
O jesuíta Hans Zollner, uma das figuras de liderança da Igreja Católica nos esforços para prevenir os abusos sexuais, elogiou a Conferência Episcopal Francesa – CEF por revelar que 11 de seus membros estão atualmente sob investigação por abuso ou encobrimento. Mas o padre jesuíta de 56 anos, que é diretor do Instituto de Antropologia (antigo Instituto para Proteção dos Menores) da Pontifícia Universidade Gregoriana, com sede em Roma, acredita que a CEF também deveria publicar os nomes desses bispos a fim de evitar que se crie suspeição geral de toda a hierarquia.
A entrevista é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 09-11-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Qual é a sua reação às revelações feitas pelos bispos franceses esta semana?
Em primeiro lugar, estou realmente chocado e surpreso. Isso traz à tona um grande fracasso da instituição ao longo de décadas. Isso é muito claro. Mas, paradoxalmente, também vejo um grande passo à frente neste movimento dos bispos franceses, mesmo que chegue um tanto tarde.
Não obstante, está faltando uma dimensão essencial: a Conferência Episcopal Francesa deve publicar os nomes, se isso for legalmente possível. Sem isso, há risco de estar criando uma suspeita generalizada sobre todos os bispos. Devemos sempre admitir e dizer a verdade, com a clareza necessária.
Devemos avançar para a transparência das sanções canônicas?
Este é um debate que vem acontecendo há anos. Parece-me claro que as decisões devem ser publicadas, de acordo com as regras de transparência invocadas na cúpula sobre abuso sexual que o Papa Francisco convocou no Vaticano em 2019. Como podemos ver, estamos sendo tolos se pensarmos que podemos esconder coisas na era digital; cedo ou tarde as coisas vêm e há um escândalo. Esta é uma regra de comunicação que ainda não aprendemos.
Devem ser feitas alterações?
Sim, devem ser feitas. Nós, na Igreja, ainda não compreendemos como funciona a comunicação no mundo de hoje. Temos que ter em mente que as coisas sempre saem mais cedo ou mais tarde. Portanto, devemos ser transparentes e sinceros, respeitando o direito civil. No que diz respeito à transparência das sanções canônicas, também é necessário que as vítimas tenham acesso a elas. Esse não é o caso hoje.
Os processos de nomeação de bispos devem ser revistos?
Temos que diferenciar as questões. Por um lado, nunca podemos forçar alguém a dizer a verdade se não quiser revelá-la. Isso significa que se um candidato cometeu atos prejudiciais e ninguém o diz e ele mesmo não os revela, nenhum processo de nomeação de bispo pode levar isso em consideração.
Por outro lado, poderiam ser consideradas mudanças para os grupos de interrogatórios do candidato, por exemplo, voltando-se para pessoas de fora dos círculos eclesiais que conheceram ou colaboraram com o candidato ao episcopado, mesmo em outros contextos.
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Hans Zollner sugere que nomes de bispos abusadores sejam publicados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU