05 Março 2022
A ordem de despejo foi executada pela Polícia Militar no sábado, 26, deixando indígenas feriados; os Guarani e Kaiowá haviam retomado uma área do tekoha Laranjeira Nhanderu naquele dia.
A reportagem foi publicada pela Assessoria de Comunicação do Cimi, 01-03-2022.
Em nota de repúdio conjunta, a Aty Guasu – a Grande assembleia Guarani e Kaiowá, e mais de 140 organizações e movimentos sociais, indígenas e indigenistas se pronunciaram nesta terça-feira, 1º de março, denunciando o despejo ilegal das famílias indígenas Guarani e Kaiowá na retomado de uma parte de seu território ancestral de Laranjeira Nhanderu, em Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul. Denunciam ainda, uso da força desproporcional empenhada pela tropa de choque da Polícia Militar, que se deslocou sem mandado da capital Campo Grande. A ação deixou pelo menos três indígenas feridos.
Conforme o documento, os indígenas “ocuparam na pratica além de uma pequena porção territorial a sede da fazenda Inho – que está sobretudo localizada dentro do Território Indígena em reivindicação”. O fazendeiro em questão responde judicialmente por despejos aéreos de agrotóxico contra a aldeia e há tempo impede que os Guarani e Kaiowá plantar suas sementes e ramas, mesmo em períodos de fome.
“A retomada foi uma reação à iniciativa do próprio fazendeiro junto a políticos e agentes de sindicatos patronais locais de criar um assentamento rural dentro da terra indígena – ação ilegal tem o objetivo de prejudicar o processo demarcatório”, consta a Nota. A retomada do território tradicional Guarani e Kaiowá e as razões pelos quais os indígenas optam pela ação, foram amplamente divulgadas.
Os indígenas vêm denunciando há meses a utilização da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (AGRAER) e do Crédito Fundiário, por parte das forças do agronegócio, com o desígnio de usar pessoas em situação de vulnerabilidade como motivação para assediar a Terra Indígena, em ato intencional e premeditado. A ação ilegal e violenta da tropa de choque da Polícia Militar tem sido denunciada pelos indígenas e organizações parceiras da causa indígena.
Além de denunciar a pratica já recorrente de uso de forca pública para fins privados, a “Aty Guasu e o conjunto de movimentos sociais e organizações que assinam esta carta se une à voz da Comunidade de Laranjeira Nhanderu, que EXIGE a imediata responsabilização do Governo do Estado do MS [Mato Grosso do Sul] pela ação e que o Ministério Público Federal tome todas as atitudes cabíveis em relação ao comando da PM [Polícia Militar], do BOPE e de todos que agiram ilegalmente contra esta comunidade”, destaca o documento.
Confira abaixo a carta:
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Aty Guasu e Movimentos Sociais repudiam o despejo ilegal das famílias indígenas na retomada do tekoha Laranjeira Nhanderu, no MS - Instituto Humanitas Unisinos - IHU