07 Setembro 2021
Para analistas políticos, atos contra a democracia são projetados para criar uma falsa sensação de força no momento mais delicado de Bolsonaro desde que assumiu a presidência.
A reportagem com informações do The Guardian, Folha de S.Paulo, Brasil de Fato e Carta Capital, é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 05-09-2021.
Os atos antidemocráticos de 7 de setembro convocados pelas redes sociais em apoio a Bolsonaro são um sintoma da fraqueza política do presidente da República e podem ajudar a derreter ainda mais sua imagem para disputar as eleições de 2022. Reportagem publicada neste domingo (5) pelo jornal britânico The Guardian afirma que a maioria dos observadores acredita que os comícios são projetados para ajudar a Bolsonaro projetar uma falsa sensação de força no que é seu momento mais fraco desde que sua Presidência começou em janeiro de 2019.
“As pesquisas mostram que mais de 60% dos brasileiros não votariam em Bolsonaro sob quaisquer circunstâncias na eleição do próximo ano, com o ex-presidente da esquerda Luiz Inácio Lula da Silva aparentemente na posição para vencê-lo. Mesmo nas cidades da Amazônia, como Sinop, onde alguns dos defensores mais ferozes do presidente são encontrados, há sugestões que o apoio tende a cair, incluindo vários outdoors de propaganda de Bolsonaro que foram vandalizados”, afirma o jornal.
A reportagem assinada pelo correspondente do jornal no Brasil, Tom Phillips, esteve em Sinop, cidade do Centro-Oeste, no Mato Grosso, reconhecida pela atividade do agronegócio e onde Bolsonaro chegou a receber 80% dos votos nas eleições de 2018. E mostrou que mesmo lá o apoio a Bolsonaro vem caindo nestes dias que antecedem o 7 de setembro.
Phillips também entrevistou o jornalista Thomas Traumann, comentarista político e ministro da Secretaria de Comunicação Social no segundo governo de Dilma Rousseff. Traumann sustenta que Bolsonaro percebe que suas chances de reeleição estavam evaporando e decidiu partir para a ofensiva.
“É uma intimidação”, disse Traumann sobre os comícios. “Trata-se de mostrar que, ‘Se eu quiser, posso dar um golpe. Eu tenho as pessoas do meu lado. Eu tenho o Exército do meu lado. Tenho a Polícia Militar do meu lado. Tenho o povo de Deus ao meu lado. Tenho as pessoas que produzem do meu lado. Nós somos o verdadeiro Brasil e eu nem preciso realizar eleições se não quiser‘”.
Militantes do PSDB na capital paulista vão comparecer ao ato campanha #ForaBolsonaro, marcado para 14h de 7 de setembro, no Vale do Anhangabaú. A informações é da coluna Painel, no jornal Folha de São Paulo.
Segundo a publicação, os tucanos pretendem integrar a manifestação com 200 a 300 militantes. O protesto é organizado por entidades que fazem parte das Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo e, no Dia da Independência, acontece junto com o histórico Grito dos Excluídos.
Informações do Estadão publicadas neste domingo pela Carta Capital mostram que a ação da convocação para os atos antidemocráticos não conseguiu furar a bolha do campo bolsonarista nas redes sociais. “O real impacto da convocação nas ruas ainda é incerto. Dados de monitoramento indicam que o assunto está mais presente na internet do que em outros atos governistas, mas também denunciam uma ação concentrada em determinados perfis e baixo engajamento”, afirma a reportagem.
“De acordo com um levantamento da consultoria Bites, foram registradas 2,43 milhões de menções ao ato do Dia da Independência no Twitter entre os dias 18 e 31 de agosto. Na manifestação anterior, em que bolsonaristas pediram a adoção de um registro voto impresso, o número de postagens nas redes era de 2,04 milhões com a mesma antecedência”, afirma ainda a reportagem.
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Atos de 7 de setembro expõem Bolsonaro em seu momento de maior fraqueza - Instituto Humanitas Unisinos - IHU