A quem acudiremos?

Fonte: Religión Digital

20 Agosto 2021

 

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 6,60-69, que corresponde ao 21º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

 

Eis o texto.

 

Quem se aproxima de Jesus com frequência tem a impressão de encontrar alguém estranhamente atual e mais presente aos nossos problemas de hoje do que muitos dos nossos contemporâneos.

 

Há gestos e palavras de Jesus que nos impactam ainda hoje porque tocam o nervo dos nossos problemas e preocupações mais vitais. São gestos e palavras que resistem à passagem dos tempos e à mudança de ideologias. Os séculos decorridos não atenuaram a força e a vida que encerram, por pouco que estejamos atentos e abramos sinceramente os nossos corações.

 

No entanto, ao longo de vinte séculos é muito o pó que inevitavelmente se foi acumulando sobre a sua pessoa, a sua atuação e a sua mensagem. Um cristianismo cheio de boas intenções e fervores veneráveis impediu por vezes a muitos cristãos simples encontrar-se com a frescura cheia de vida daquele que perdoava as prostitutas, abraçava as crianças, chorava com os amigos, contagiava esperança, e convidava as pessoas a viver com liberdade o amor dos filhos de Deus.

 

Quantos homens e mulheres tiveram de ouvir as dissertações de moralistas bem-intencionados e as exposições de pregadores instruídos sem conseguirem encontrar-se com ele.

 

Não nos devemos surpreender com a interpelação do escritor francês Jean Onimus: «Por que vais ser propriedade privada de pregadores, doutores e alguns eruditos, tu que disseste coisas tão simples, tão diretas, palavras que continuam sendo palavras de vida para todos os homens?».

 

Se muitos cristãos que se têm ido afastando estes anos da Igreja, conhecessem diretamente os Evangelhos, sentiriam de novo aquilo que um dia foi expresso por Pedro: «Senhor, a quem vamos recorrer? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos».

 

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