16 Setembro 2020
O Papa Francisco telefonou, neste final semana, para a mãe da vice-intendente de Villa Mercedes, San Luis [Argentina], Verónica Bailone, que faleceu recentemente vítima de um câncer, para se desculpar após um sacerdote da província proferir uma ofensa contra a falecida porque era a favor do descriminalização do aborto.
A reportagem é publicada por Clarín, 13-09-2020. A tradução é do Cepat.
“Era a favor do aborto e Deus lhe concebeu essa graça, abortou a sua vida”, foi o que o pároco desse local, Juan María Casamayor, postou no Facebook, após a morte da jovem, o que gerou uma imediata onda de repúdios, entre eles o do próprio bispo de San Luis, Gabriel Barba, que determinou que o padre retirasse a mensagem.
Finalmente, a mãe de Verónica recebeu no sábado o telefonema do Papa no qual, segundo ela mesma revelou através das redes sociais, Francisco disse que rezavam “por sua filha Vero Bailone e por vocês” e pediu “desculpas pela ofensa à sua memória”.
“Hoje (no sábado), recebi o telefonema do Papa Francisco, ainda estou emocionada”, contou a mulher e acrescentou que “foi como um bálsamo para a alma, diante de tanta dor”.
Após a morte de Bailone, ocorrida na quarta-feira, 2 de setembro, decretou-se 10 dias de luto em Villa Mercedes e três em nível provincial, em todo San Luis.
“Tenho muita dor, o mesmo que toda a comunidade de Villa Mercedes e da província de San Luis, já que a companheira, mesmo com sua grave doença avançando, nunca deixou de militar e de trabalhar”, disse à agência Télam o intendente de Villa Mercedes, Maximiliano Frontera, após ficar sabendo da morte da vice-intendente, que tinha 37 anos.
Bailone, que era casada e tinha um filho, foi eleita para o cargo nas eleições comunais do ano passado.
Advogada e escrivã, formada pela Universidade Católica de Cuyo, especializou em Direito empresarial, Penal e Criminologia e em Intervenções Sociais com Meninos, Meninas, Adolescentes e Jovens.
Ocupou diversos cargos de assessoria em sua área no Executivo Provincial, assim como também no Senado da Nação.
Era filha de quem foi campeão argentino e sul-americano de boxe na categoria meio-pesado, nos anos 1970, Abel Celestino Bailone.
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