05 Julho 2019
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
Devo ser
(Foto: Mônica Hortegas | Arquivo pessoal)
Devo ser o último tempo
A chuva definitiva sobre o último animal nos pastos
O cadáver onde a aranha decide o círculo.
Devo ser o último degrau na escada de Jacob
E o último sonho nele
Devo ser a última dor no quadril.
Devo ser o mendigo à minha porta
E a casa posta à venda.
Devo ser o chão que me recebe
E a árvore que me planta.
Em silêncio e devagar no escuro
Devo ser a véspera. Devo ser o sal
Voltado para trás.
Ou a pergunta na hora de partir.
Fonte: Daniel Faria, Poesia, Porto, Assírio & Alvim, 2012, p. 38
Daniel Faria | Foto: Sabrina Silva - Wikimedia Commons
Daniel Faria (1971 - 1999): Poeta português que ocupou um lugar de destaque na poesia contemporânea portuguesa. Faria tomou gosto pelos versos enquanto frequentava a faculdade de Teologia de Porto e na mesma época percebeu sua vocação para vida monástica. Faleceu, em 09 de junho de 1999, em um acidente doméstico, quando estava próximo de encerrar o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga. Publicou, ainda em vida, Uma Cidade com Muralha (1991), Oxálida (1992), A Casa dos Ceifeiros (1993), Explicação das Árvores e de Outros Animais (1998) e Homens Que São Como Lugares Mal Situados (1998), que foram seguidas de obras póstumas, entre elas, Legenda para uma casa habitada (2000).
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Devo ser. Daniel Faria na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU