19 Outubro 2017
Conselho Indigenista Missionário - Cimi
Bombas, gás lacrimogênio e indígenas detidos na Câmara dos Deputados em protesto contra arrendamento de terras
Quatro indígenas chegaram a ser detidos no final da manhã desta quarta (18), em frente à Câmara dos Deputados, em Brasília. Eles integravam o grupo de cerca de cem indígenas que foram impedidos de entrar na audiência organizada pela bancada ruralista para discutir o que eles chamaram de “agricultura indígena”.
Com a audiência, a bancada ruralista pretendia legitimar a proposta de legalização do arrendamento de terras indígenas, permitindo a exploração privada de terras indígenas e o avanço do agronegócio sobre esses territórios.
O grupo barrado buscava manifestar sua posição contrária ao arrendamento e em defesa de suas terras, mas foi impedido de entrar – os ruralistas disponibilizaram senhas de acesso apenas para o grupo de apoiadores da proposta. Ao tentarem ingressar no Anexo 2 da Câmara dos Deputados, foram atacados com muitas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e spray de pimenta.
Pela tarde, os quatro detidos foram liberados, mediante a negociação de advogados e da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. Contudo, três deles – inclusive o pai da criança afetada pelo gás da polícia – serão investigados pela Depol por dano ao patrimônio público.
Fernando Altemeyer Junior
Em lugar de ração que tenham emprego, salário digno e respeito. Prioridade é isso: justiça. O mais é demagogia.
Tatiana Roque
Participei hoje de um debate na UERJ. Ninguém sabe como reagir e a situação é mesmo muito difícil.
Mas acho que estamos assombrados pela pergunta "por que as pessoas não se mobilizam?". Nem quem está vivendo na pele os problemas. Mobilizar seria fazer atos públicos; ir para a rua e levar mais gente. Só que a rua não está rolando, para quase nada. Nem a impopularidade de Temer, nem a antipatia de Aécio. Há um grande silêncio.
Costumo dizer que a diferença entre agora e 2013 é que, em 2013, não tinha tido 2013. Agora, não só já teve 2013, como teve 2015 e 2016. As pessoas estão cansadas e não acreditam mais. Melhor respeitar esse silêncio e pensar caminhos que não dependam desse tipo de mobilização.
(Obrigada pelo convite Rosa Dias. Gostei muito de estar lá e tentar ajudar de alguma forma)
Vera Rodrigues
O PTSOL primeiro lança Nota de apoio à Venezuela (ainda que contestada por alguns), seguindo os passos do partido de origem, do qual não precisaria ter saído; depois cogita #NãoVaiTerBoulos, p/ a candidato à presidência. Genial.
A Rede-sem-rede reclama de "puxadinhos do PT" mas "esquece" que o que não falta naquela colcha de retalhos que eles chamam de partido é "puxadinho": inclusive do DEM, do Distritão, do mov. Casa de Lavigne ... tem p/ todos os gostos. Pior que não reconhecer sua falência, só mesmo eleger bode expiatórios p/ depositar seu fracasso retumbante e expulsá-los por meio de "medida (cof cof) disciplinar, em nome da paz"- precedente que, doravante, pode ser aplicado a qualquer um.
Sigo cada vez mais convicta na posição de ficar BEM LONGE dessa bagaça/ lógica eleitoral.
Quando resolverem discutir o sistema político pra valer, tô dentro.
Alceu Castilho
Cena 1: "Maria é minha mãe!"
O deputado fundamentalista Givaldo Carimbão (PHS-AL) tenta se afirmar como a versão católica de Marco Feliciano (PSC-SP). Ontem ele se dirigiu aos berros ao ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, dizendo que a mãe dele - falecida - é que deveria ser colocada de pernas abertas numa exposição, como diz ter visto em relação a uma imagem de Nossa Senhora. "Maria é minha mãe!", gritava. "Maria é minha mãe!"
Investigado na chamada "farra das passagens", Carimbão listava obras de arte que considera profanadoras. Por isso gostaria que fossem a mãe e a filha do ministro os alvos - no mundo real - de situações como a que enumerou (com curiosa ênfase apoplética), das tais pernas abertas a uma cabeça sendo urinada, durante reunião das Comissões de Segurança Pública e de Cultura, na Câmara. "Maria é minha mãe!"
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Cena 2: O lado ignorante da homofobia
Um dos discos mais importantes do rock, "The Dark Side of the Moon" é também candidato a uma das melhores capas de todos os tempos. O símbolo do prisma ajudou a catapultar a obra-prima do Pink Floyd, em 1973, quando Carimbão era um rapazola de 25 anos. "The lunatic is on the grass", cantava na faixa final Roger Waters, a cabeça por trás da melhor banda da história. Nome da faixa: "Brain damage". (Dano no cérebro.)
Pois não é que a capa foi tomada por internautas como uma defesa do arco-íris LGBT? Tudo por causa de uma propaganda da marca Polenguinho, onde um pacotinho do queijo processado insere-se (o que não deixa de ser uma heresia para os fanáticos pela banda: "Pink Floyd é minha mãe!") na imagem do disco, em estratégia de marketing da francesa Savencia Fromage & Dairy.
Os internautas viram no arco-íris (no fim de cada arco-íris temos agora não mais um pote de ouro, mas um homofóbico de plantão) o que chamam de "defesa da ideologia de gênero". E não tiveram dúvida: decidiram boicotar a marca. Que se saiu até bem: o departamento de marketing da empresa fez uma nota elegante, com informações sobre o Pink Floyd e assinalando "máximo respeito pela causa LGBT".
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Moral da história: no país de Carimbão, até Polenguinho se torna algo civilizatório.
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