A contemporaneidade do Concílio Vaticano II

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • Quando a solidão é uma doença

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

11 Dezembro 2015

Pela primeira vez traduzida para o português, obra do teólogo Christoph Theobald analisa o legado da experiência conciliar e traça pistas para entender a Igreja de hoje

Na data que marca os 50 anos de realização do Concílio Vaticano II, 09-12-2015, na última quarta-feira, foi promovida a cerimônia de lançamento do livro A recepção do Concílio Vaticano II: Volume I. Acesso à fonte (São Leopoldo: Unisinos, 2015), na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – Instituto Humanitas Unisinos, campus São Leopoldo. Escrita pelo teólogo e jesuíta Christoph Theobald, a obra, publicada originalmente em francês com o título La Réception du Concile Vatican II: Accéder à la source I (Paris: Cerf, 2009), está sendo lançada pela primeira vez no Brasil em língua portuguesa. Trata-se do primeiro volume. O segundo volume está sendo elaborado pelo teólogo alemão, radicado na França.

Reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino
Foto: Leslie Chaves/IHU
As discussões trazidas por Theobald abordam o evento eclesial mais importante do século XX e um dos mais significativos da contemporaneidade. O reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino, que participou da cerimônia de lançamento do livro, destacou a relevância da experiência conciliar na trajetória do catolicismo no mundo e como ela se preserva viva nos dias de hoje. “O Concílio Vaticano II foi ecumênico de fato. Neste encontro, a estrutura sinodal da Igreja Católica foi potencializada, experiência hoje promovida intensamente pelo Papa Francisco, que também agrega novos elementos à fé cristã na era da globalização. No Vaticano II ainda se destaca a estruturação da Igreja dos Pobres, que tem na Teologia do Povo sua base. Mais recentemente, vemos o Papa Francisco levar a diante essa ideia pregando a Teologia do Povo. Assim, podemos ficar esperançosos, pois vemos o legado do Concílio Vaticano II sendo concretizado”, frisa.

E completa: “É uma honra para a Unisinos estabelecer um diálogo fecundo com esse novo começo do Vaticano II e na construção de novas agendas que deem conta das grandes questões da humanidade atualmente”.

O professor do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Unisinos, José Roque Junges, durante o evento tratou de alguns pontos da obra de Christoph Theobald, contextualizando no tempo e no âmbito da atuação da Igreja a relevância do Concílio Vaticano II e do tipo de abordagem realizada pelo teólogo no livro. Junges começou definindo a noção de recepção, presente já no título da obra. “A ideia de recepção na teologia tem um sentido diferente. Refere-se a um processo de apreensão e maturação dos pensamentos para colocá-los em prática. Nesse sentido, o Concílio Vaticano II ainda não foi totalmente recebido, porém vemos uma nova fase com a atuação do Papa Francisco, que é a expressão dessa recepção”, explica.

Professor da Unisinos José Roque Junges
Foto: Leslie Chaves/IHU
De acordo com o professor, o Vaticano II simultaneamente representa duas faces opostas. “O Concílio Vaticano II é especial porque antes dele, em outros encontros eclesiais, a Igreja sempre buscou defrontar-se com alguma heresia ou explicar algum aspecto da fé, com o intuito de definir verdades e delimitar as coisas. O Vaticano II foi totalmente diferente e representa tanto ruptura, quanto continuidade na Igreja. É uma continuidade porque aborda a verdade cristã, mas também representa uma ruptura ao enfatizar a pastoralidade na expressão da fé. A pastoralidade é a chave de leitura para o Concílio II, segundo a qual a doutrina deve ser transmitida para a felicidade e não para a condenação. As atitudes de Francisco expressam muito bem esse entendimento. A abordagem do livro de Theobald também apresenta essa perspectiva”, analisa.

Para Junges, A recepção do Concílio Vaticano II: Volume I. Acesso à fonte inaugura uma etapa à frente nas pesquisas sobre o tema. “Obras anteriores sobre o Concílio Vaticano II buscavam resgatar a parte histórica. Theobald toma o Concílio como um corpus teológico, doutrinal. A grandiosidade de sua obra está em apontar para uma nova fase nos estudos do Concílio, de histórica à teológica, como corpus doutrinal”, ressalta. E chama a atenção: “Francisco é a máxima expressão da recepção do Vaticano II”. Além do acurado trabalho de pesquisa, certamente essa aproximação dos gestos do Papa com a obra de Theobald está entre as principais motivações que conquistam os leitores que buscam entendimento do lado pastoril da Igreja em saída, que têm se intensificado nesse pontificado.

Medium

Sobre o Concílio Vaticano II o Instituto Humanitas Unisinos - IHU reuniu uma série de publicações, entrevistas, notícias e pesquisas em um Medium especialmente dedicado ao tema, que resultou em um guia de leitura sobre diversos aspectos da experiência conciliar. O Medium é uma plataforma disponível na internet que possibilita agrupar conteúdos em diversos tipos de formatos, como textos, imagens, áudios e vídeos, compondo um espaço dinâmico e interativo de compartilhar informações.

Sistematização

Nas Notícias do Dia, de 09-12-2015, no sítio do IHU, também está disponível um compêndio contendo todas as edições dos Cadernos Teologia Pública que abordaram diversos olhares acerca do Vaticano II.

Por Leslie Chaves

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

A contemporaneidade do Concílio Vaticano II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU