"Francisco deveria ter o mesmo fim daquele outro papa", afirma arcebispo italiano

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26 Novembro 2015

"Esperamos que, com Bergoglio, Nossa Senhora faça o milagre como fez com o outro." A referência ao Papa Luciani [João Paulo I, que morreu 33 dias após assumir o papado] é apenas velada. A frase é do arcebispo de Ferrara, Luigi Negri (foto ao lado), alto prelado em profundo desacordo com Francisco e ponto de referência do Comunhão e Libertação.

A reportagem é de Loris Mazzetti, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 25-11-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Negri, aluno do Pe. Giussani, também é conhecido por ter contestado o Poder Judiciário italiano quando acusou Berlusconi pelo caso Ruby. Àqueles que, na época, lhe apontaram que grande parte do mundo católico estava indignado com o caso das garotas de programa, ele respondeu: "A indignação não é uma atitude católica".

Contra a nomeação dos padres das ruas

O motivo da sua contestação: as recentes nomeações do Papa Francisco a Bolonha e Palermo, diocese durante anos nas mãos do Comunhão e Libertação, dos bispos Matteo Zuppi e Corrado Lorefice, dois padres das ruas.

Dom Negri, no dia 28 de outubro, no trem Frecciarossa que partiu de Roma-Termini (testemunhas oculares relataram o incidente), deu rédeas soltas aos seus pensamentos em voz alta, como parece ser o seu costume, sem se importar com os poucos presentes no vagão de primeira classe, com o seu secretário, um jovem padrezinho de aparência da Cúria, com duplo celular, pronto para filtrar os telefonemas do arcebispo.

"Depois das nomeações de Bolonha e Palermo – deixou escapar – até eu posso me tornar papa. É um escândalo! Incrível! Estou sem palavras. Nunca vi nada parecido com isso."

O alto prelado, deixando perplexas as testemunhas, não se resignava, tinha que falar com alguém, pediu ao secretário para telefonar para um amigo de longa data, também ele do Comunhão e Libertação, Renato Farina, conhecido como o "agente Betulla", reforçando a dose.

Ainda não satisfeito, continuou com o jovem padre: "São nomeações ocorridas no mais absoluto desprezo por todas as regras, com um método que não respeita nada nem ninguém. A nomeação de Bolonha é incrível. Eu prometi a Caffara (o bispo cessante por limites de idade) que vou fazer com que aquele ali (Zuppi) veja o que é bom para a tosse: em cada encontro, não vou deixar passar uma oportunidade. A outra nomeação, a de Palermo, é ainda mais grave. Este (Lorefice) escreveu um livro sobre os pobres – o que ele sabe dos pobres! – e sobre Lercaro e Dossetti, seus modelos, dois que destruíram a Igreja italiana".

A conferência e a barriga da Cúria

O jornal Fatto, nessa terça-feira, tentou contatar o arcebispo Negri para perguntar se ele queria esclarecer as suas palavras. "Sim, eu acho que ele estava naquele trem no dia 28 de outubro", explicou o seu porta-voz, Pe. Massimo Manservigi, ouvindo as frases de Negri que lhe repetimos. "Mas agora (eram as 21h30), o monsenhor está dando uma conferência na universidade e não é possível contatá-lo."

O jornal Fatto permanece à disposição para ouvir eventualmente as explicações do prelado. No entanto, é difícil acreditar que Dom Negri estivesse falando a título pessoal e não revelasse um estado de espírito compartilhado pela casta vaticana.

Bergoglio, se quiser levar a termo, como prometeu, os propósitos de João XXIII – "Igreja povo de Deus" –, acima de tudo, deve afastar os mercadores do templo.

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