Francisco está em busca de uma nova compreensão do ensinamento da Igreja sobre a contracepção?

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21 Janeiro 2015

Para alguém ser um bom católico, não precisa se reproduzir “como coelhos”, diz o Papa Francisco. Ao conversar com jornalistas a bordo do avião papal retornando das Filipinas, ele também explicou que recentemente repreendeu uma mulher grávida do oitavo filho quando já havia feito sete cesarianas.

O comentário é de Christopher Lamb, jornalista, publicada por The Tablet, 20-01-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Estas são declarações surpreendentes e inéditas vindas de um papa. Elas se parecem também como uma tentativa de suavizar o ensinamento da Igreja sobre a contracepção.

Ao mesmo tempo, porém, o pontífice defendeu a Humanae Vitae – encíclica do Papa Paulo VI que reafirmou a proibição do uso de métodos artificiais de planejamento familiar – como um documento profético.

Paulo VI não foi antiquado, mente fechada. Não, [ele foi] um profeta que, com sua [encíclica] nos disse para termos cuidado com o neomalthusianismo que está chegando”, disse o Papa Francisco.

O ponto principal da encíclica, declarou Francisco, é a importância de as pessoas casadas estarem “abertas à vida” e dispostas a terem filhos. Isto deve ser feito com responsabilidade, acrescentou, dizendo: “Deus nos deu métodos para sermos responsáveis. Algumas pessoas pensam – desculpem a expressão – que para serem bons católicos é preciso reproduzirem-se como coelhos”.

É interessante notar que o papa não especifica quais métodos deveriam ser usados, embora suponha-se que ele esteja falando sobre o planejamento familiar natural.

Isto é importante porque, durante muitos anos, os debates na Igreja se centraram na natureza do ato sexual, ressaltando que o intercurso deve ter um elemento procriativo em si.

O papa parece estar afastando a discussão da obsessão quanto aos propósitos de todo e qualquer ato sexual, movendo-se em direção a princípios mais gerais por detrás da Humanae Vitae. Francisco, no entanto, não está sendo excessivamente prescritivo a respeito de como o número de nascimentos é regulado.

O Cardeal Walter Kasper, muitas vezes chamado de o teólogo do Papa Francisco, assim me disse quando o entrevistei no ano passado: “Promover a ideia de que se ter filhos é uma coisa boa, que este é o principal. Então, como fazer isto e como não fazer, isto é uma questão secundária”, disse acrescentando que os métodos naturais podem também ter “meios artificiais”.

Francisco está numa posição difícil. Ele não pode simplesmente abrogar a Humanae Vitae, mas sabe que métodos artificiais contraceptivos são amplamente usados pelos católicos no mundo ocidental. Uma das frases de Francisco é que a “realidade é mais importante do que as ideias”. A realidade é que, há algum tempo, vem existindo uma lacuna entre o ensinamento oficial da Igreja sobre a contracepção e as experiências vividas dos casais. Esta pode ser a tentativa de Francisco de abrir caminhos.

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