China. Após o Congresso do PCC, improváveis melhorias para a Igreja. Por enquanto o papa não vai a Pequim

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • “Guerra nuclear preventiva” é a doutrina oficial dos Estados Unidos: uma visão histórica de seu belicismo. Artigo de Michel Chossudovsky

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

28 Outubro 2017

Na nova cúpula apresentada na última quinta-feira, Wang Yang deverá ser o responsável da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, que trata com os grupos religiosos. Ele é considerado um liberal, mas terá que manter a linha ditada por Xi Jinping sobre a "sinização das religiões." Wang Zuoan, diretor da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos foi excluído do Comitê Central. Em entrevista explica que o diálogo China-Vaticano é "tranquilo", mas "algumas questões não são tão simples e não podem ser resolvidas em um curto espaço de tempo". A visita do pontífice à China não é iminente.

A reportagem é de Li Yuan, publicada por AsiaNews, 26-10-2017. A tradução de Luisa Rabolini.

O Partido Comunista Chinês (PCC) revelou no último dia 25 a nova cúpula suprema, um dia após o encerramento do 19º Congresso Nacional, realizado na capital entre 18-24 de outubro. Vários católicos e comentaristas são céticos sobre a possibilidade de uma melhoria para a situação da Igreja. E Wang Zuoan, o diretor da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos, excluiu que o Papa Francisco possa visitar a China em breve.

No novo Comitê Permanente do Politburo estão Xi Jinping e Li Keqiang, o presidente e o primeiro-ministro, reeleitos como esperado, e outros cinco novos membros com Wang Yang, 62 anos, ex-secretário do partido em Guangdong, que se situa na quarta posição na linha de poder. Segundo a tradição, ele deveria tornar-se o responsável da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês (CPCPC), a assembleia que funciona como fonte de aconselhamento político e que trata das as relações com os grupos religiosos.

Willy Wo-lap Lam, especialista em estudos chineses, declarou ao "852 Post" de Hong Kong que nos bastidores antes do Congresso falava-se que Wang, considerado um reformista, seria promovido a vice-premier, podendo demonstrar assim a sua habilidade nas reformas econômicas. Mas agora, como presidente da CPCPC, o seu trabalho não terá muitas relações com a economia.

Do ponto de vista dos assuntos religiosos, católicos ativos nas redes sociais pensam que, olhando para o percurso de sua carreira, Wang não parece muito familiarizado com as religiões, um tema que o partido considera "sensível" e que, já em 1993, o ex-presidente Jiang Zemin definiu como "uma questão nada pequena".

Embora vários meios de comunicação fora da China definam Wang um liberal, os católicos consideram que o pensamento de um representante do governo seja influenciado pelo papel assumido. Então, Wang, que era conhecido como um liberal tratando de assuntos econômicos como vice premier, poderá ser diferente em assuntos religiosos. "Depois de tudo – afirma Joseph, um jovem católico - as coisas não são decididas apenas por ele. É improvável que a nova liderança leve a alguma mudança na situação atual da Igreja".

Certamente Wang terá que seguir a orientação de sinização da religião ditada por Xi Jinping no discurso de abertura do Congresso, ou implicada no chamado "Xi Jinping-pensamento" que se tornou dogma do Partido, após a sua inclusão na constituição do PCC.

A eleição da liderança deve ter ocorrido entre muitas competições e complicações, a julgar pelas diferentes rumores e diferentes listas de nomes espalhadas antes o Congresso. Os resultados mostram que agora há 126 novos nomes de um total de 204 membros do Comitê Central, enquanto 78 membros foram eliminados.

Entre eles está também Wang Zuoan, 59 anos, diretor da Administração Estatal para os Assuntos Religiosos. De acordo com sites de política chineses, fala-se que antes da eleição, Xi Jinping tenha entrevistado um por um os candidatos ao Comitê Central. Para alguns deles, ele pediu para entrar; a outros pediu para não entrar; e para outros ainda foi feito um convite para fazer um sacrifício para o Partido, uma vez que existem muitos novos membros e os cargos são limitados. Não está claro por que razão Wang não tenha sido reeleito no Comitê Central, inclusive porque ele ainda não atingiu a idade para a aposentadoria.

De uma forma muito incomum, durante os dias do Congresso, Wang concedeu duas vezes entrevista à Rádio Comercial de Hong Kong. Na primeira entrevista, escrita, divulgada em 21 de outubro, Wang destacou a sinceridade de papa Francisco em relação à China e seu desejo de visitar o país. Ao mesmo tempo, ele reiterou as duas condições para haver boas relações entre China e Vaticano: romper as relações com Taiwan e não interferir nos assuntos internos da China, inclusive os religiosos.

Três dias depois, em 24 de outubro, a Rádio Comercial divulgou outros comentários de Wang, em que ele diz que os canais de comunicação entre a China e o Vaticano são tranquilos, "mas algumas questões não são tão simples e não podem ser resolvidas em curto espaço de tempo". Ele reiterou que é preciso sinceridade e pragmatismo de ambas as partes. Wang se recusou a revelar aspectos específicos da questão sobre a nomeação de bispos, que parece ser o problema mais espinhoso e central das atuais negociações.

Em uma evidente tentativa para esclarecer sua primeira entrevista, Wang disse que exaltando a sinceridade de papa Francisco não queria indicar que é iminente uma visita do pontífice à China, mas apenas acredita que as perspectivas das relações China-Vaticano parecem positivas.

Após a publicação de sua primeira entrevista, muitos meios de comunicação de Taiwan interpretaram suas palavras como uma resposta positiva de Pequim para o desejo do papa Francisco visitar a China, e que agora que as relações entre a Santa Sé e Taiwan estão em crise.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

China. Após o Congresso do PCC, improváveis melhorias para a Igreja. Por enquanto o papa não vai a Pequim - Instituto Humanitas Unisinos - IHU