Trump, reflexo de nossa miséria

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12 Novembro 2016

"Não há muito que analisar sobre os resultados das votações. Não nos deve surpreender a vitória de Trump. Ele é reflexo do que somos como humanidade: patriarcal, misógina, machista, homofóbica, xenófoba, racista, sexista e fascista. Isso explica que dera uma surra em Hillary Clinton e varrerá com as eleições. Com isso não quero dizer que ela é uma fruta em compota nem que a defenda. Estados Unidos não está preparado para uma mulher presidenta, de bem com o capital, porém, mulher e caucasiana. O que dizer de uma mulher negra que defenda os princípios de Martin Luther King, Rosa Parks e Malcoml X?", escreve Ilka Oliva Corado, escritora e poetisa, em artigo publicado pelo blog Crónicas de una Inquilina, traduzido pela Revista Diálogos do Sul, 11-11-2016.

Eis o artigo. 

Ódio venceu contra a artilharia mediática que apoiava Clinton e desbancou Sanders, venceu contra o capital.

O Trump nos mete medo? Não deveria. Ele só evidencia aquilo de que somos feitos. Se Trump nos dá medo é porque jamais nos olhamos no espelho para ver como realmente somos. Fez com que fossem às urnas as massas racistas que estão em cada esquina e em todos os níveis da sociedade, nas profissões e ofícios. Porque esta eleição não foi só da classe alta, caucasiana, posto que até o pária mais pária votou em Trump. Ainda que isso nos doa. Ele não devia ter tido um só voto a favor. Negros contra negros e latinos contra latinos. Brancos pobres contra brancos pobres. Negros e latinos com a mentalidade racista do Ku klux klan.

Defendendo a coerção, a exploração do trabalho, os crimes de ódio. Latinos que acreditam que por ter documentos a polícia racista respeitará sua vida ou que deixarão de ser excluídos. Negros que acreditam que porque pensam como caucasianos extremistas, serão tratados como eles. Jamais! Com seu voto deram à polícia racista poder para matar sem controle a quantos afro-descontentes cruzarem seu caminho.

No Mississipi, Alabama, Geórgia, Luisiana e Carolina do Norte, estados predominantemente negros, deram o voto a um branco extremista, demonstrando com isso que não apreenderam absolutamente nada de sua história. Evidenciando que é um país segregacionista e racista.

Mulheres votando em Trump? Um homem que aplaude a violência de gênero, a misoginia e o abuso sexual, que nega o direito ao aborto. Homossexuais, classe baixa, muçulmanos, asiáticos, deram seu apoio. É o cúmulo da incongruência. Evidentemente Trump representa uma mudança, mas uma mudança para o retrocesso.

Florida, um estado predominantemente latino, votou por Trump. Ontem, Marco Rubio agradecia a reeleição e o voto que lhe foi dado por venezuelanos, colombianos, porto-riquenhos e cubanos anti migrantes e anti América Latina. Não nos deve surpreender, absolutamente, a vitória de Trump. Apesar do apoio de Clinton a uma invasão militar a Venezuela e à continuidade do bloqueio contra Cuba, Latinos preferiram o extremista Trump. Da humanidade há que esperar tudo; nada nos deve surpreender.

Com Trump, Estados Unidos foi fundo. Coloca a um fascista hitleriano e afim com o kukluxklan como presidente da nação mais poderosa do mundo. Não haverá poder humano que consiga deter as violações de direitos humanos executada pela Patrulha de Fronteira e que evidentemente radicalizará a partir de hoje. Com relação às deportações em massa de indocumentados, não haverá muita mudança, o mesmo seria com Clinton que com Trump. Recordemos que Obama sendo democrata e tendo prometido uma reforma migratória, foi o maior repatriador da história deste país. Com relação ao famoso muro, Obama já o construiu, e se chama Plano Fronteira Sul, que se estende no Maya-Chorti e no Plano Mérida ou o Plano Aliança para a Prosperidade. O que Trump fará é dar continuidade, sem qualquer amenidade.

Trump nos mete medo? Agora poderemos compreender, nos mínimos detalhes, o que têm vivido e sentem as pessoas no Iraque, Líbia, Yemen, Síria e Palestina. Teremos capacidade de entender o que significa o bloqueio contra Cuba? Agora sim, podemos nos olhar de frente no espelho, nus, tal como somos essa porcaria de humanidade que habita a terra. O que faremos a respeito? Trump não é uma ilha, é parte de nossa sociedade, de nossa dupla moral e indolência.

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