"A justiça social também é útil ao lucro", afirma Joseph Stiglitz

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13 Outubro 2016

Prêmio Nobel de Economia em 2001 pela sua contribuição para a teoria das assimetrias de informação ("alguns sujeitos do processo econômico têm acesso a informações das quais obtêm vantagens e que condicionam o seu comportamento"), Joseph Stiglitz levou a Bolonha um olhar franco e direto sobre o estado da economia internacional, com muitas sombras e algumas luzes.

A reportagem é de Marcello Parilli, publicada no jornal Corriere della Sera, 12-10-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

"As desigualdades que estão diante dos olhos de todos são, paradoxalmente, fruto de uma economia de mercado cujas regras do jogo foram, primeiro, escolhidas e, depois, alteradas em um clima de democracia – disse o professor da Columbia University, em Nova York – minando a confiança das populações em relação aos seus governos e à solidariedade social. Assim, criou indivíduos que se tornaram, eles mesmos, mais egoístas."

No banco dos réus sentam-se os Estados Unidos, tão mitificados quanto pouco entendidos. "Ao contrário do que se acredita, a economia estadunidense não é, de fato, uma economia de sucesso: nos últimos 40 anos, apenas a renda de 1% da população aumentou de forma consistente, sem que isso tenha trazido benefícios para o restante do país. As receitas do crescimento não foram compartilhadas. Os pobres aumentaram, e para a classe média (90% dos estadunidenses) também não mudou praticamente nada, ao contrário, a renda até reduziu, assim como diminuiu a expectativa de vida. O fato de os Estados Unidos serem a terra das oportunidades também é uma lenda deslocada, e eu sempre digo aos meus estudantes que só há uma decisão muito importante que um estadunidense deve tomar na vida: escolher os pais certos."

De acordo com Stiglitz, as causas desse desequilíbrio são relativamente recentes: "Há cerca de 30 anos, iniciou um processo de reescritura das regras dos princípios da economia, que, no fim, foi mal gerido. Com a diminuição dos impostos, a desregulação e, posteriormente, a globalização, pensava-se em aportar benefícios globais, enquanto quem engordou foi o costumeiro 1%. Aos outros, restaram apenas as migalhas: crescimento econômico e oportunidades diminuíram, enquanto aumentou a instabilidade".

Foi um modelo de sistema que entrou em crise, em um clima de cumplicidade entre governos e realidades produtivas: "As empresas pagaram demais a diretores-executivos e a alguns empregados, com o único objetivo de obter resultados consistentes e em curto prazo, mesmo às custas de jogar sujo – é o caso das recentes fraudes na indústria automobilística ou da exploração de pessoal – renunciando a investir naquilo que é intangível, imaterial, ou seja, o fato de obter lealdade, confiança por parte dos trabalhadores, preparação, solidariedade. Por sua vez, os governos muitas vezes comprometeram a sua credibilidade mentindo aos eleitores ou demonstrando incompetência".

Uma alternativa? "Justamente o modelo cooperativo, que não tem o lucro como único motor. Promovendo a solidariedade e a justiça social, será possível obter melhores desempenhos a longo prazo, tanto no campo econômico quanto social."

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