“Não é preocupação minha” se a Igreja se recupera ou não da crise dos abusos, diz Hans Zollner

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15 Agosto 2016

Segundo o padre Hans Zollner, em sua conta no Twitter, choveu muito em Fiji, nos últimos dias, observação que poderia ter sido a de qualquer turista, em qualquer parte do mundo. Mas, há algo que faz com que a crônica deste viajante seja algo especial: seu compromisso com as vítimas de abusos sexuais na Igreja, que o levou, só nas últimas semanas, a visitar Austrália, Nova Zelândia e as ilhas Fiji.

A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-08-2016. A tradução é do Cepat.

Em sua passagem pela capital neozelandesa de Wellington, o padre Zollner – alemão, jesuíta e presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores – deu uma entrevista ao portal Stuff, na que falou de suas experiências viajando por todo o mundo e se reunindo com vítimas de abusos de religiosos católicos. Confessou, naquele momento, que seu trabalho responsável pela resposta da Igreja ao horror do abuso sexual às crianças lhe resulta “obscuro, sombrio e intenso”, mas compartilhou com o repórter neozelandês um pequeno indício de esperança: o de que, após um dia intenso de formação para os bispos da Nova Zelândia, sua sensação é que a mensagem já parece estar se fixando ali, na consciência coletiva. Mas, não significa que não resta trabalho a fazer, ou que a mensagem que Zollner trouxe às antípodas do mundo não possa ser aplicada a outros países: é preciso mais.

“Não é preocupação minha se vamos nos recuperar ou não”, afirmou o padre Zollner a Stuff, referindo-se à reputação da Igreja, que tem sofrido muito – ou quase irreparavelmente – a partir dos anos 1980, quando os casos de abusos sexuais perpetrados por sacerdotes e religiosos em todo o mundo começaram a aparecer. Pelo contrário, disse o jesuíta, “minha preocupação é a de fazer o que temos que fazer e que não fiquemos presos nisso”. Dito em outras palavras, o sacerdote alemão não se empenha para que a Igreja se redima e recupere sua “imagem gentil”, devidamente respeitada pelos diferentes setores da sociedade, inclusive os não católicos. Em absoluto. “Temos que nos centrar no que podemos fazer para arrumar o desastre que se criou ao longo dos anos e no que depende de nós para criar ambientes os mais seguros possíveis”, destacou Zollner em sua sabatina com a página neozelandesa. Trabalho de expiação que passa por fazer tudo o que é possível para curar as feridas das vítimas que foram prejudicadas pela atitude “defensiva e fria” de “alguns líderes da Igreja”, particularmente quando estas se atreveram a contar suas experiências ou a denunciar seus agressores.

Alguns dirão que não, que a Igreja já fez importantes avanços a respeito da proteção de seus menores fiéis, e que agora é impossível que os erros do passado voltem a se repetir debaixo de nossos próprios narizes. Tentação à autocomplacência que o padre Hans Zollner desmente com sua visão realista. “Há uma expectativa de que nunca mais tais abusos voltem a acontecer”, observou Zollner ao portal Stuff. “É claro que ocorrerão e estão acontecendo agora mesmo – tanto dentro, como fora da Igreja –, pois são o mal e, infelizmente, nunca poderemos eliminar o mal”.

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