O padre expulso do Vaticano por ser gay ataca a homofobia na Igreja

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Por: André | 21 Julho 2016

O padre expulso do exercício sacerdotal e do Vaticano após declarar-se gay e revelar que tinha um companheiro, o polonês Krzysztof Charamsa, publicou seu primeiro livro, La Prima Pietra (A primeira pedra), no qual volta a atacar a “homofobia patológica” e a “misoginia” da Igreja.

A reportagem é de José Manuel Vidal e publicada por Religión Digital, 16-07-2016. A tradução é de André Langer.

Morando em Barcelona há nove meses, onde vive com o parceiro, um catalão, Charamsa explicou em uma entrevista à Efe que para ele a capital catalã é “uma pátria”.

“No meu país, a Polônia, há uma propaganda da Igreja, do mundo da política e da mídia contra mim, mas em Barcelona vivi exatamente o contrário”, destacou.

“Minha mãe e minha família sofreram muito com tudo isto: um dos meus sobrinhos foi rejeitado na escola porque seu tio é um pervertido, mas aqui as pessoas me dão os parabéns quando me veem na rua”, revelou.

Charamsa sente-se agradecido com “Barcelona, que é uma sociedade moderna, aberta, que respeita os outros e onde vivi uma verdadeira acolhida, que necessitava humanamente. Aqui sinto que não estou sozinho”.

Sobre seu primeiro livro, que acaba de publicar na Itália pela Editora Rizzoli e que quer traduzir para o castelhano e o catalão, afirma que “não é literatura gay”.

O livro conta “a história de um indivíduo que está relacionado com uma instituição, a Igreja, na qual acredita, porque é profundamente crente, mas ao mesmo tempo descobre que esta silenciou e matou uma parte de si mesmo”.

Sobre sua vida antes da confissão pública que o obrigou a afastar-se do sacerdócio, Charamsa afirmou que “a Igreja me obrigava a pensar que a homossexualidade é algo patológico, que é algo mau do que tenho que me envergonhar. Eu, fiel a todas as normas que me foram impostas, me fechei atrás de um muro ideológico durante grande parte da minha vida”.

“Tudo isso me fez viver um estresse contínuo: saber que você tem algo que contradiz a Deus, antinatural, é como uma esquizofrenia: não pode encontrar calma porque sua natureza contradiz as suas crenças”, insistiu.

Em seu livro, Charamsa volta a reivindicar que “a palavra de Deus não condena a homossexualidade, mas está em condições de entendê-lo. No futuro, a Igreja também o aceitará e o entenderá, como já o fez em seu momento com as teorias de Darwin, Copérnico e Galileu”.

“No clero há muitíssimos homossexuais que sofrem por sua própria condição. Tentam matá-la, esquecê-la, mas não podem, e sentem ódio, sobretudo das pessoas que vivem de forma livre aquilo que eles sofrem. É uma grande paranoia institucionalizada”, remarcou Charamsa.

No livro também denuncia que “a Igreja dificulta o reconhecimento dos casais que não podem ter filhos e que buscam a ajuda da ciência e convence as mulheres maltratadas de que devem rezar e suportar essa violência sem defender-se, porque não se pode romper o matrimônio”.

Charamsa, que escreveu seu livro como se fosse uma conversa com os leitores, também aborda o problema da pedofilia, que qualifica de “crime vergonhoso que o clero aceita mais que a homossexualidade”.

“Meu livro é muito feminista; as mulheres sempre estão presentes nele. Elas enfrentam uma situação que eu defino como uma verdadeira misoginia, de uma verdadeira fobia para com as mulheres, mas todo movimento feminista sempre foi um modelo de como propor uma revolução social e de mentalidade”, disse o autor.

“Gosto de pensar que o meu livro é a primeira pedra de uma vida livre, de uma vida coerente com a própria natureza após a libertação”, concluiu.

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