Floresta se recupera sozinha, mas não se sofrer distúrbios

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19 Janeiro 2012

"O desafio é conciliar a conservação da floresta com o aumento da produção de alimentos. Assim, podemos evitar a transferência para a atmosfera dos 100 bilhões de toneladas de carbono estocados nas florestas", escreve Paulo Brando, engenheiro florestal do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 19-01-2012.

Eis o artigo.

As secas de 2005 e 2010 reduziram em 1% a 2% os estoques de carbono das florestas da Amazônia, ao alterar a mortalidade e o crescimento de árvores. Parece pouco, mas pode ser o suficiente para mudar o clima global.

Sem distúrbios subsequentes, a floresta pode recuperar todo esse carbono liberado à atmosfera. O problema é que os distúrbios na Amazônia são cada vez mais comuns.

As florestas são resistentes a secas, podendo tolerar períodos de até quatro meses sem chuva. Mas há um limite para tal resistência. Todos que cuidam de um jardim sabem: sem água, as plantas morrem. Na Amazônia, o desafio é definirmos o que é uma falta d'água "perigosa".

De acordo com o artigo de Eric Davidson, alterações como a redução das chuvas poderiam transformar parte das florestas em uma vegetação mais baixa, menos diversa e mais inflamável. A redução do desmatamento, que causa secas, diminuiria o risco de tais transformações.

Infelizmente, as secas severas não ocorrem sozinhas, sendo acompanhadas por outros distúrbios, como o fogo.

Nas secas, áreas superiores às desmatadas podem queimar, principalmente se já foram exploradas pela madeira de forma não planejada. Ao contrário da seca, o fogo pode ser controlado localmente. Podemos ter o carvão e o álcool, mas sem um fósforo ninguém faz o churrasco.

Na Amazônia, a floresta vulnerável ao fogo não queimará sem uma fonte de ignição, que muitas vezes está associada ao desmatamento, manejo de pastagens ou incêndio intencional.

Talvez o ponto mais interessante do artigo seja a análise dos fatores que alteram o clima e a vegetação da Amazônia. O desafio é usar essas informações para conciliar a conservação da floresta com o aumento da produção de alimentos. Assim, podemos evitar a transferência para a atmosfera dos 100 bilhões de toneladas de carbono estocados nas florestas.