Mar de lama de Mariana ameaça 'soterrar' recife de corais

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

17 Novembro 2015

Os danos ambientais provocados pela lama que se espalhou com o rompimento de barragens em Mariana (MG), há dez dias, não devem se limitar à bacia do rio Doce.

Ambientalistas preveem que a mistura de barro e rejeitos de minério pode afetar tartarugas e peixes marinhos no Espírito Santo e até mesmo "soterrar" um trecho do recife de corais que compõe o banco de Abrolhos, dependendo da concentração de sedimentos que chegar à foz do rio.

A reportagem é de Juliana Coissi, publicada no jornal Folha de S. Paulo, 17-11-2015.

Sete mortos já foram identificados e há 12 desaparecidos desde o dia 5, quando houve o rompimento das barragens da mineradora Samarco, que pertence à Vale a à anglo-australiana BHP Billiton.

O banco de Abrolhos, uma área mais rasa com recife de corais, estende-se por aproximadamente 400 km a partir da foz do rio Doce em direção ao Nordeste do país. Ele está distante cerca de 300 km do conhecido arquipélago dos Abrolhos, ao sul do litoral baiano, área pertencente ao parque nacional homônimo.

Segundo João Carlos Thomé, coordenador do projeto Tamar/ICMBio, dificilmente o volume de sedimentos terá força para chegar ao arquipélago, mas há risco de soterrar localmente trecho de recife de corais no banco de Abrolhos, que fica imediatamente depois da foz do rio Doce.

"A gente não tem condição de dizer qual será o impacto, porque não sabemos com qual concentração de sedimentos vai chegar [a lama], mas estamos nos preparando para o pior."

O cenário mais grave, de acordo com o oceanógrafo, seria uma grande mortandade de toda a biodiversidade do estuário, que é uma das principais zonas de reprodução de espécies marinhas do país.

Um dos riscos é para a desova de tartarugas-de-couro e tartarugas cabeçudas, espécies que estão ameaçadas de extinção no mundo. Para prevenir possíveis danos, integrantes do projeto Tamar retiraram ovos de tartarugas que estavam muito próximos à foz do rio. "Mas não sabemos como uma contaminação na água vai se dar"

A concentração de lama deve afetar também tainhas, robalos, raias e espécies maiores como baleias jubarte e as toninhas, listadas entre os mamíferos marinhos mais ameaçados do país.

Outro efeito colateral recai sobre a pesca marinha, que já sofria redução por causa da estiagem.

A reportagem procurou a Samarco para falar sobre os danos à fauna marinha, mas não houve resposta.