Demarcação é aliada do clima, dizem Kaiowá na COP após novo assassinato em MS

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

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18 Novembro 2025

Duas lideranças Guarani Kaiowá defenderam nesta segunda-feira (17) a demarcação de terras indígenas como uma das estratégias mais eficazes no combate às mudanças climáticas. A fala ocorre no momento em que o povo lamenta a morte de Vicente Fernandes, jovem Guarani Kaiowá assassinado com um tiro na cabeça durante ataque ocorrido na madrugada de domingo (16), em Iguatemi (MS).

A reportagem é de Isabel Harari, publicada por Repórter Brasil, 17-11-2025.

“A gente está aqui para repudiar e trazer a voz na comunidade indígena, que a nossa luta não é só pelo território. Mas garantir o território é minimizar as mudanças climáticas”, afirmou Voninho Benites Pedro, durante protesto indígena hoje na capital paraense, onde ocorre a Cúpula do Clima da ONU, a COP30.

Braulio Kaiowá, outra liderança Guarani Kaiowá, reforçou que a violência em Mato Grosso do Sul atinge crianças, mulheres e anciãos, muitas vezes em ações policiais sem ordem judicial.

“O povo, as mulheres e as crianças estão sendo atacadas pela força policial do Estado. Isso é preocupante para nós.”

Para Braulio, a demarcação das terras tradicionais é fundamental para conter o avanço das mudanças climáticas e garantir a continuidade das florestas em pé.

“A gente luta para defender a biodiversidade, a natureza, para ter as florestas em pé. A demarcação das nossas terras ajuda a mitigar isso, porque nós somos os defensores da floresta”, disse.

Segundo os líderes indígenas presentes na COP, somente a garantia dos territórios permitirá proteger florestas e os modos de vida responsáveis pela preservação dos biomas brasileiros — uma tarefa que, afirmam, não estão conseguindo cumprir devido à violência e à paralisação das demarcações.

Voninho lembra que o histórico de expulsões forçadas em Mato Grosso do Sul resultou em superlotação das atuais reservas indígenas no estado, criadas ainda no período do antigo SPI (atual Funai). Para ele, as retomadas são um retorno legítimo aos territórios tradicionais.

“Nosso povo foi retirado das comunidades e jogado na reserva. Hoje estamos voltando e retomando o que é nosso, o que a gente perdeu. A gente não está fazendo nada a mais do que garante a Constituição”, disse Voninho.

Ele também relata que a mesma comunidade onde ocorreu o assassinato vem sofrendo ataques recorrentes, que se intensificaram nos últimos meses.

Braulio também defende as ações de retomada como retorno a territórios tradicionais e de ocupação ancestral do povo Guarani Kaiowá.

“O território guarani saiu lá na década de 40, 50, meu povo foi expulso de lá. Então, a gente não está invadindo, a gente está retornando para um território tradicional, segundo os anciãos.”

As lideranças cobraram que a COP30, voltada a compromissos globais contra a crise climática, reconheça que a demarcação de terras indígenas é um dos caminhos para proteger florestas, reduzir emissões e manter a biodiversidade viva. Para isso, o Estado brasileiro precisa garantir segurança, respeito constitucional e proteção às comunidades, eles dizem — antes que novas mortes aconteçam.

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