11 Agosto 2025
O primeiro-ministro segue em frente apesar dos protestos internacionais: "A área ainda está cheia de terroristas". Uma ligação com Trump, tanques avançando em direção à Faixa de Gaza: "Exercícios em preparação para o ataque".
A reportagem é de Gabriella Colarusso, publicada por La Repubblica, 11-08-2025.
Benjamin Netanyahu quer "terminar o trabalho". E ele o fará, "com ou sem o apoio de outros". São 16h quando o gabinete do primeiro-ministro convoca a imprensa estrangeira para uma Jerusalém escaldante, a última vez tendo sido em setembro de 2024. A pressão, inclusive de seus aliados europeus, sobre a destruição e a fome em Gaza o leva a falar com jornalistas internacionais que estão impedidos de entrar na Faixa desde outubro de 2023. Ele garante que concederá maior acesso aos repórteres, mas não especifica em que condições. Ele quer desmantelar o que chama de "campanha global de mentiras do Hamas", mas, acima de tudo, quer defender sua decisão de lançar uma nova ofensiva militar para conquistar toda a Faixa, uma operação à qual até mesmo um grande segmento da sociedade israelense se opõe. Ele mostra um slide com duas áreas circuladas: a Cidade de Gaza e os "campos" no centro de Gaza, alvos do avanço que resultará no deslocamento de um milhão de palestinos.
É a "melhor maneira de acabar com a guerra e a melhor maneira de terminá-la rapidamente", afirma Netanyahu, enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúne em Nova York e altos funcionários da ONU alertam que a medida corre o risco de desencadear "outra calamidade" em um território que já sofre de "fome pura e simplesmente".
O primeiro-ministro israelense, que também entrou em conflito com Trump sobre o assunto, precisa reconhecer que o problema existe. Ele promete trazer mais ajuda e abrir novos corredores "seguros" para comboios, mas rejeita a acusação de que seu governo esteja perseguindo uma "política da fome". Ele mostra outro slide com quatro fotos de crianças desnutridas publicadas em jornais nas últimas semanas: elas são rotuladas como notícias falsas. "Elas tinham condições preexistentes, duas delas estão no exterior para tratamento", rebate Netanyahu. O sistema de distribuição de ajuda confiado a contratados do GHF, imposto por seu governo na Faixa de Gaza, tornou-se uma armadilha mortal — desde 27 de maio, mais de 1.370 palestinos foram mortos enquanto buscavam comida, segundo as Nações Unidas —, mas o primeiro-ministro israelense rejeita a responsabilidade e afirma que "a maior parte dos disparos foi realizada pelo Hamas", sem apresentar provas. Ele reitera que o grupo palestino está roubando suprimentos médicos e alimentares, mas este é um fato que nenhum repórter independente conseguiu verificar em campo.
Netanyahu não fala sobre possíveis negociações; em vez disso, afirma que o plano foi decidido devido à intransigência e à recusa do Hamas em se desarmar, e que o objetivo da ofensiva não é "ocupar Gaza, mas libertá-la dos terroristas e desmilitarizá-la". Nos últimos dias, os mediadores árabes Egito e Catar se encontraram com Witkoff na tentativa de retomar as negociações, e o Canal 12 levanta a possibilidade de uma delegação do movimento palestino retornar ao Cairo e a Doha para conversas.
À noite, Netanyahu se encontra com Trump. Seu gabinete vaza a satisfação do primeiro-ministro com o "apoio do presidente Trump". Os dois discutem os planos de Israel para assumir o controle dos "redutos do Hamas em Gaza" restantes.
Enquanto isso, espalham-se em Gaza notícias de "um avanço surpreendente dos tanques das Forças de Defesa de Israel (IDF) em direção à área do corredor de Morag": trata-se de exercícios preparatórios para a invasão. Enquanto isso, em Israel, as famílias dos reféns estão voltando às ruas, aterrorizadas de que a nova guerra extinga para sempre suas esperanças de trazer seus filhos, irmãos e maridos para casa.