23 Julho 2025
O arcebispo Thomas G. Wenski, de Miami, e cerca de 25 Cavaleiros de Colombo subiram em suas motocicletas para rezar um terço na entrada do Alligator Alcatraz, o polêmico centro de detenção de migrantes recentemente inaugurado nos Everglades da Flórida.
A informação é de Gina Christian, publicada por OSV News e reproduzida por America, 21-07-2025.
O arcebispo publicou imagens do encontro de 20 de julho em sua conta no X, dizendo que ele e seus companheiros de viagem — membros da organização fraternal internacional Knights on Bikes, ligada aos Cavaleiros de Colombo — “pararam na entrada do Alligator Alcatraz e rezaram um terço pelos detidos”.
As imagens compartilhadas pelo arcebispo mostram os homens em círculo, com as motos estacionadas e as cabeças abaixadas em oração, com o logotipo dos Cavaleiros de Colombo e uma cruz bordados com destaque nas costas dos coletes.
Em sua postagem, o arcebispo Wenski observou que a Arquidiocese de Miami “ainda aguarda aprovação para ter acesso” ao Alligator Alcatraz “a fim de celebrar missas para os detidos”.
Segundo um relatório recente elaborado por organizações vinculadas a igrejas católicas e evangélicas, os cristãos representam aproximadamente 80% de todos os que estão em risco de deportação. Entre esses, os mais ameaçados são os católicos, que correspondem a 61% do total.
O Alligator Alcatraz, localizado a cerca de 90 quilômetros do centro de Miami, no Aeroporto de Treinamento e Transição Dade Collier, é composto por tendas com grupos de beliches instalados em unidades cercadas por grades de arame, semelhantes a gaiolas, e banheiros coletivos expostos.
Segundo o governador da Flórida, Ron DeSantis, a água, o esgoto, a energia elétrica e o ar-condicionado são fornecidos por unidades portáteis. A instalação, que atualmente tem capacidade para abrigar 3 mil pessoas, tem planos de expansão para receber até 5 mil.
O Alligator Alcatraz tem sido alvo de críticas tanto de líderes religiosos quanto de parlamentares democratas, devido às suas condições e localização — enquanto Trump, a secretária de Segurança Interna Kristi Noem e DeSantis, que é católico, apresentaram o ambiente hostil como uma característica de segurança e dissuasão migratória durante a visita de inauguração da instalação em 1º de julho.
“Basicamente, fica em um pântano”, disse o arcebispo Wenski à OSV News em entrevista de 15 de julho. “Há inúmeros jacarés e pítons (e) jiboias, além de toneladas e toneladas de mosquitos”.
O piso de asfalto sobre o qual as tendas foram montadas “fica ainda mais quente porque reflete o calor do dia”, acrescentou.
Detidos relataram ao New York Times que as chuvas frequentes têm causado infiltrações e invasão de insetos, enquanto o acesso a chuveiros, refeições completas e medicamentos é limitado. Segundo eles, também há registros de doenças, privação de sono e agitação.
A emissora NBC 6 South Florida informou que, entre 1º e 18 de julho, foram registradas 34 chamadas de emergência para o 911 vindas do Alligator Alcatraz — uma média de duas por dia.
Falando à OSV News em 15 de julho, o arcebispo Wenski também destacou que o local está “muito distante de hospitais”.
Um funcionário do governo, que falou ao Times sob condição de anonimato, afirmou que a maioria dos detidos no Alligator Alcatraz não possui condenações criminais.
Registros obtidos pelo Miami Herald e Tampa Bay Times mostram que apenas um terço das pessoas atualmente alojadas no local possui antecedentes criminais.
“Há mais perguntas do que respostas sobre esse lugar”, disse o arcebispo Wenski à OSV News em 15 de julho.
Ele afirmou: “Não queremos pessoas perigosas andando livremente pelas ruas. Mas a maioria dos imigrantes não são criminosos. São, basicamente, pessoas que tentaram, por meio de muito trabalho, construir um futuro de esperança para si e para seus filhos. E, dessa forma, contribuíram para a prosperidade de nossa nação. E alguns fazem isso há anos, até décadas”.
O arcebispo acrescentou: “Não há para onde voltar, porque o lar deles é aqui”.