29 Abril 2024
“Então vamos, certo?” O Papa Francisco quer exortar a comunidade internacional a “adotar um tratado internacional vinculativo que regule o desenvolvimento e o uso da inteligência artificial”. Ele já havia falado sobre isso internamente há três dias, após receber em audiência Chuck Robbins, CEO da Cisco System, outro gigante do setor que acabava de assinar o documento Rome call for AI ethics, nascido por iniciativa da Santa Sé para promover uma “abordagem ética” da inteligência artificial, a chamada algorética.
A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicado por Corriere della Sera, 27-04-2024.
Um longo caminho, promovido pela Pontifícia Academia para a Vida e iniciado em 28-02-2020 com as assinaturas da Microsoft e da IBM, da FAO e da então ministra italiana da Inovação tecnológica Paola Pisano, durante o segundo governo Conte. Nesse ínterim, no ano passado o texto também foi assinado por representantes das outras religiões abraâmicas, o Grão Rabinato de Israel para o Judaísmo e o Fórum em prol da Paz de Abu Dhabi para o Islã, enquanto em julho se somarão as religiões orientais no Japão. As religiões, as multinacionais do setor do mais alto nível, as universidades.
Além do compromisso do governo italiano, explica o Vaticano, faltava um elo fundamental da corrente: a política. Por isso Francisco decidiu ir pessoalmente ao G7, como confirmou o Vaticano após o anúncio de Giorgia Meloni.
O Papa já pensava nisso há algum tempo. A sua presença a convite da Itália foi precedida por uma série de contatos. Além disso, o franciscano Paolo Benanti, professor da Universidade Gregoriana, conselheiro do Papa Francisco em inteligência artificial e especialista da Academia para a Vida presidida por Dom Vincenzo Paglia, foi escolhido em janeiro para presidir a Comissão de IA do governo italiano.
A questão subjacente, explica o Pe. Benanti, é simples: “Trata-se de garantir à humanidade um amanhã de paz e prosperidade". Para Francisco, isto tem a ver com questões fundamentais do seu pontificado.
O Papa também falou sobre isso na Mensagem pela Paz deste ano. A sua abordagem está longe do luddismo e reconhece as “conquistas extraordinárias da ciência e da tecnologia”. Mas existem perigos. Começando com “sistemas de armas autônomas letais”, algoritmos e programação que substituem a decisão humana, o risco de que tais armas acabem "em mãos erradas" favorecendo ataques terroristas, que as próprias guerras sejam favorecidas pela necessidade de testar as novas armas, pelo negócio bilionário que acarreta. E depois há o perigo de uma “ditadura tecnológica”, de controle de dados e da manipulação da informação que influencie as decisões e coloque em risco as democracias. É também um problema educativo: ensinar a discernir o falso do verdadeiro no oceano da web. Francisco falará sobre tudo isso: é necessário que os governos estabeleçam regras comuns.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O Pontífice pedirá aos governos regras comuns para pôr um freio à “tecnoditadura” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU