Harari alerta sobre a inteligência artificial: “Não sei se os humanos podem sobreviver”

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25 Abril 2023

Em uma entrevista ao jornal inglês The Telegraph, o historiador e filósofo israelense Yuval Noah Harari fez um comentário alarmista sobre o avanço da tecnologia que está na boca de todos: a inteligência artificial. “Não sei se a humanidade pode sobreviver”, disse o autor do livro Sapiens: de animais a deuses, que assinou a carta de diversos especialistas, incluindo Elon Musk, que pedia a suspensão na pesquisa de software como ChatGPT, um modelo de inteligência artificial que pode interagir com humanos redigindo textos criativos, o que despertou fascínio e preocupação global.

A reportagem é publicada por La Nación, 23-04-2023. A tradução é do Cepat.

“Esta é a primeira tecnologia na história para criar histórias”, disse Harari ao meio de comunicação britânico. Para ele, “a nova geração de inteligência artificial não está só espalhando o conteúdo que os humanos produzem. Pode produzir o conteúdo por si só”. Diante dessa situação, o filósofo convida a uma projeção de um futuro cada vez mais próximo e possível: “Tente imaginar o que significa viver em um mundo onde a maioria dos textos e melodias e depois as séries de televisão e as imagens são criadas por uma inteligência não humana. Simplesmente, não entendemos o que significa”.

Em seguida, pergunta-se: “quais podem ser as consequências de a inteligência artificial se encarregar da cultura? Já existem exemplos triviais. Na semana passada, uma revista alemã foi criticada por publicar o que parecia ser uma entrevista exclusiva com Michael Schumacher, quando, na realidade, o texto foi gerado por inteligência artificial imitando o ex-piloto de corrida paralítico. Harari sugere que, em breve, a inteligência artificial irá muito além, evocando um mundo onde “você se conecta e debate com alguém sobre algum tema político. Talvez, inclusive, enviem a você um vídeo deles mesmos conversando. Contudo, não há ninguém por trás. É tudo inteligência artificial”.

No entanto, os alertas de Harari sobre os avanços da inteligência artificial vão muito além da produção artística e cultural. Para ele, assim como para o fundador da Tesla e da SpaceX, a tecnologia deve ser regulada para tomar boas decisões, porque a democracia também corre risco. “Isso é especialmente uma ameaça para as democracias, mais do que para os regimes autoritários, pois as democracias dependem do debate público”, diz, acrescentando: “A democracia basicamente é conversação. Pessoas falando entre si. Se a inteligência artificial se encarrega da conversação, a democracia acabou”.

Nesse ponto, menciona que “o regime nazista se baseou em tecnologias como trens, eletricidade e rádios. Não tinham ferramentas como a inteligência artificial”. Alinhado a isso, prevê que “um novo regime no século XXI terá ferramentas muito mais poderosas. Sendo assim, as consequências podem ser muito mais desastrosas. Isso é algo que não sei se a humanidade pode sobreviver."

Para o historiador israelense, a perda de postos de trabalho é outro alerta disparado pela inteligência artificial. “Outro perigo é que muitas pessoas fiquem completamente sem trabalho, não só temporariamente, mas sem as habilidades básicas para o futuro mercado de trabalho”, diz, argumentando que “podemos chegar a um ponto em que o sistema econômico veja milhões de pessoas como completamente inúteis. Isso tem terríveis ramificações psicológicas e políticas”.

Para Harari, a independência da inteligência artificial é uma das questões mais novas e sugere: “Precisamos entender que a inteligência artificial é a primeira tecnologia na história que pode tomar decisões por si só. Pode tomar decisões sobre seu próprio uso. Também pode tomar decisões sobre você e eu. Isto não é uma previsão futura. Isto já está acontecendo”.

Nesse sentido, afirma que “inventamos algo que nos tira o poder. E está acontecendo tão rápido que a maioria das pessoas sequer entende o que está acontecendo. Precisamos garantir que a inteligência artificial tome boas decisões sobre nossas vidas. Isto é algo que estamos muito longe de resolver”.

Por isso, para Harari, as regulações sobre a inteligência artificial são imprescindíveis. “Uma empresa farmacêutica não pode lançar um novo medicamento no mercado sem antes passar por um longo processo regulatório. É realmente estranho e assustador que as corporações possam simplesmente lançar na esfera pública ferramentas de inteligência artificial extremamente poderosas, sem qualquer medida de segurança semelhante”, afirma.

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