Tomáš Halík: rumo a uma “reforma profunda” da Igreja

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06 Dezembro 2022

Tomáš Halík, padre tcheco e ex-dissidente soviético, fala sobre a necessidade de reforma na Igreja, o papel que a sinodalidade pode desempenhar nela e os perigos do abuso da religião na política.

A reportagem é de Joseph Tulloch, publicada por Vatican News, 12-05-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Halík fez uma visita a Roma recentemente para promover a tradução italiana de seu novo livro “A Tarde do Cristianismo – O Tempo da Transformação”.

O intelectual tcheco, que foi ordenado sacerdote clandestinamente na União Soviética na década de 1970 e agora é um dos teólogos mais conhecidos da Europa, falou ao Vatican News após um painel de discussão no Instituto João Paulo II.

A Tarde do Cristianismo

Halík começou discutindo alguns dos temas de seu novo livro.

“Uso a metáfora que Carl Gustav Jung, o fundador da Psicologia Analítica, que escolheu o tempo como metáfora para uma vida individual, e uso essa metáfora para a história da Igreja”, disse ele.

“A manhã é o tempo pré-moderno”, explicou ele, “tempo para construir as estruturas institucionais e doutrinárias da Igreja. Depois veio a crise do meio-dia, o tempo da modernidade e da secularização. E agora acho que estamos no limiar da pós-modernidade, a era pós-secular. Esta é a tarde do cristianismo, um tempo de amadurecimento, de aprofundamento”.

Halík fez uma conexão com a passagem do Evangelho quando os discípulos lutam para pescar:

“Os pescadores estavam muito cansados e disseram a Jesus: ‘trabalhamos a noite toda e não pescamos nada’. Estamos de mãos vazias. Acho que muitos cristãos têm um sentimento semelhante hoje, que as Igrejas estão meio vazias, e os seminários e mosteiros também”.

“Mas”, salientou ele, “Jesus disse aos pescadores: ‘tentem novamente. Vão às profundezas’. Acho que é um desafio para nós também, tentar de novo, não repetir os velhos erros, mas ir ao fundo”.

O abuso da religião

Um aspecto importante deste processo de reforma, Halík enfatizou, é uma consciência das maneiras pelas quais a religião pode ser abusada.

Alguns políticos populistas, disse ele, “são tacanhos e usam o cristianismo como uma arma, como um sinal de identidade coletiva”.

“Mas”, enfatizou, “este é o caminho errado... Este sistema fechado de catolicismo está morrendo porque não é capaz de se comunicar com os outros sistemas da sociedade”.

Deveríamos, disse ele, deixar-nos inspirar por São Paulo, que “teve a coragem” de transformar o cristianismo de “uma das muitas seitas judaicas” em “uma oferta universal para toda a cultura da época”.

“Acho que esse universalismo do cristianismo é o desafio também para hoje”.

O papel da sinodalidade

Halík também sugeriu que o sínodo poderia ajudar no processo de reforma.

“Acho muito importante o caminho da sinodalidade, porque essa crise de abuso não foi apenas um fracasso de muitos indivíduos. Foi – e acho que o Papa Francisco reconhece isso muito bem – uma crise de todo o sistema da Igreja”.

Assim, “precisamos de uma reforma profunda. Espero que a sinodalidade, o ‘caminho comum’, possa ser uma reforma”.

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