08 Novembro 2022
Os veículos imponentes que geralmente atravessam a avenida principal que leva ao palácio real do Bahrein não estavam em lugar algum. Em vez disso, a longa via estava repleta de bandeiras do Vaticano e do Bahrein enquanto um pequeno carro branco se dirigia ao palácio cercado por cerca de 40 soldados vestidos de vermelho e montados a cavalo.
No pequeno Fiat 500 escoltado pelos cavaleiros da Guarda Real estava o Papa Francisco, que recebeu todas as honras na sexta-feira passada no segundo dia de sua visita de quatro dias a este pequeno reino do Golfo.
A reportagem é de Loup Besmond de Senneville, publicada por La Croix International, 07-11-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Papa Francisco desembarca de seu Fiat 500 no Bahrein.
Foto: Loup Besmond de Seneville | La Croix International
Assim como havia feito no dia anterior no palácio real, apenas duas horas depois de sua chegada, o papa era um modelo de simplicidade. Isso contrastava com os protocolos cerimoniais do reino, que incluíam uma saudação de 21 canhões, uma banda de metais, soldados em posição de sentido e uma impressionante procissão de oficiais sendo transportados em carros pretos lisos com vidros escuros. Também havia helicópteros pairando acima com enormes bandeiras do Bahrein e do Vaticano para receber Francisco no país.
O pequeno Fiat do papa, que sempre traz a placa SCV 1, tornou-se o símbolo dessa simplicidade papal. Tanto que o carro branco segue Francisco em suas viagens ao exterior, às vezes comprado localmente, às vezes transportado diretamente de Roma quando é impossível encontrar um no país que ele está visitando.
O contraste entre os serviços usados pelos chefes de estado em todo o mundo e os usados pelo papa é muitas vezes impressionante e às vezes representa um choque de culturas. Durante suas viagens ao exterior, assim como em Roma, Francisco faz questão de manter os símbolos de seu poder temporal tão discretos quanto possível.
Esta é uma forma de destacar o fato de que ele vem com uma mensagem espiritual e não está tentando se posicionar como apenas mais um chefe de Estado. Mas é também uma forma desse chefe de Estado em particular, que não tem interesses particulares a defender, poder falar universalmente.