Formas de sobreviver ao Antropoceno

Imagem: Reprodução ComCiência

Por: Ricardo Machado | 19 Julho 2022

 

Dando continuidade aos debates do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU recebe o professor e pesquisador do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, Renato Sztutman.

 

O evento intitulado Ciência e ficção: especulação e imaginação para resistir no Antropoceno terá transmissão on-line, a partir das 10h desta terça-feira, 19 de julho, nas plataformas digitais do IHU.

 

 

 

“O tempo atual é o tempo da crise. Poderia ser comparado ao tempo do Renascimento, um tempo de muita especulação sobreo que é humano, o que é o mundo, o que é a natureza e, por sua vez, esse tempo da especulação, vai dar origem ao que é a Modernidade. Mas é uma modernidade que vai escamotear toda essa efervescência especulativa e vai estabelecer uma agenda escondida”, explica Renato Sztutman, em vídeo publicado no YouTube.

“O Renascimento, como diz Stangers, não é o lugar do conforto, mas o lugar da imprevisibilidade, o lugar do quem somos? Onde estamos? E, portanto, estamos nesse momento do ‘onde estamos?’. Ela vai dizer que esse momento aparece o lugar importante da ficção científica, que é uma forma do gesto especulativo”, complementa Sztutman.

 

Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo

 

A mproposta do Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo é discutir, de modo transdisciplinar, os desafios que o novo regime climático do planeta impõe às nossas formas de pensar, conceber e habitar o mundo. Dividido em dez conferências, a programação do ciclo retoma questões políticas, filosóficas e teológicas sobre a vida no antropoceno, considerando o ocaso e, em certo sentido, o fim/esgotamento da Modernidade.

 

No centro da crise, o sentido e a autorreferencialidade do ser humano em um mundo em que cada vez mais somos governados pelo que nos habituamos chamar de natureza. Trata-se, portanto, de um debate que leva em conta o deslocamento da política para a dimensão cosmopolítica. Repensar a condição humana diante do novo regime climático e a ameaça da sexta extinção em massa, justamente da espécie humana, pode ser o ponto inicial da discussão aqui proposta.

 

Conferencista - Renato Sztutman

 

Renato Sztutman é professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo. É mestre (2000) e doutor (2005) em Antropologia Social pela USP, área de etnologia indígena. Realizou pós-doutorado, em 2015, no Departamento de Filosofia da Universidade de Paris Ouest Nanterre.

 

É pesquisador do Centro de Estudos Ameríndios (CEstA-USP) e do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA-USP).

 

Foi editor responsável, entre 2013 e 2017, da Revista de Antropologia (Depto. de Antropologia da USP).

 

Foi um dos fundadores e co-editou, entre 1997 e 2007, a revista Sexta-Feira. Seus principais temas de pesquisa são: cosmopolíticas ameríndias, fronteiras entre antropologia e filosofia, antropologia e cinema.

Renato Sztutman (Foto: Reprodução IEA/USP)

 

 

Veja a programação completa e os conferencistas

 

O Ciclo de Estudos Decálogo sobre o fim do mundo se estende até julho. Você pode ver a programação completa a seguir. Para receber certificação, é necessário se inscrever no site do evento.

Todas as conferências serão transmitidas on-line no canal do YouTube do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

 

20 de julho | Afrotopia, Ética e Economia. "Habitar o mundo" no Antropoceno

 

 

 

Felwine Sarr possui doutorado em Economia pela Universidade de Orléans (França), é professor na Universidade de Gaston Berger, em Saint Louis (Senegal), na qual, em 2011, ficou responsável pela faculdade de Economia e Gestão e criou o Centro de Investigação em Civilizações, Religião, Arte e Comunicação (CRAC), onde ensina Economia Política, Economia do Desenvolvimento, Econometria, Epistemologia e Historia das Ideias Religiosas. É editor do Journal on African Transformation, editado pelo CODESRIA - Conselho para o Desenvolvimento da Pesquisa em Ciências Sociais em África e pela UNECA - Comissão Econômica das Nações Unidas para a África. É autor dos livros Dahij (Gallimard 2009), 105 Rue Carnot (Mémoire d’Encrier 2011), Méditations Africaines (Mémoire d’Encrier 2012), Afrotopia (Philippe Rey 2016), entre outros.

 

22 de julho | Multinaturalismo. Da política do conceito a um novo conceito de política

 

 

Mateus Uchôa é bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). É também mestre em Artes pelo PpgArtes da UFC. É doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na linha de Estética e Filosofia da Arte com pesquisa sobre os mundos animais e os limites do anthropos. Tem interesse em Filosofia da Natureza; Pluralismo Ontológico; Pensamento Ameríndio; Multinaturalismo; Estudos Multiespécies; Virada Ontológica na Antropologia; Estética e Pensamento Decolonial; Ecologia e Experiência Sensível; Cosmopolíticas e Questão Ambiental no Antropoceno.

 

27 de julho | Cosmopolíticas dos animais: por uma concepção política para além do humano

 

 

Juliana Fausto possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001), mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2012) e doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2017). Atualmente é pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná, com bolsa PNPD/CAPES, onde atua como professora visitante, ministrando disciplinas nos níveis de Graduação e Pós-Graduação em Filosofia. Desenvolve pesquisa na área de Filosofia e a Questão Ambiental, com ênfase na relação dos animais outros que humanos com a política, e na área de estudos feministas, com ênfase em epistemologias feministas e nos conceitos de mulheres, natureza e monstruosidade. Tem interesse em temas relacionados a Antropoceno, animais, ecofeminismo, gênero, cinema e literatura. Foi bolsista Nota Dez da FAPERJ (2015-2016).

 

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