Terra caminha para nova extinção em massa

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02 Março 2011

A boa notícia é que os seres vivos da Terra ainda não estão enfrentando uma extinção tão catastrófica quanto a que deu cabo dos dinossauros. A má é que eles estão caminhando a passos largos rumo a essa hecatombe.

A reportagem é de Reinaldo José Lopes e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 03-03-2011.

Por enquanto, indica uma pesquisa na edição de hoje da revista científica "Nature", a chamada Sexta Extinção ainda não pegou embalo. O apelido faz referência às "Big Five", como são conhecidas as cinco grandes extinções da história do planeta.

Cada uma das "Big Five" exterminou ao menos três quartos das espécies do globo. O novo estudo, coordenado por Anthony Barnosky, da Universidade da Califórnia em Berkeley, calcula que, nos últimos 500 anos, perderam-se "apenas" entre 1% e 2% dos seres vivos modernos.

É, porém, bem cedo para suspirar de alívio. Considere-se, por exemplo, o caso dos mamíferos: a análise de fósseis sugere que, no máximo, duas espécies do grupo sumiam a cada milhão de anos -isso antes de a civilização humana entrar em cena.

Contagem de corpos - ou melhor, de espécies abatidas - de mamíferos do ano de 1500 para cá: 80. É uma aceleração brutal da taxa em que os bichos estão sumindo.

CONTA DIFÍCIL

A pesquisa, que também tem como coautor o brasileiro Tiago Quental, da USP, deixa claro que há um enorme componente de incerteza nesse tipo de conta.

Os problemas se acumulam nas duas pontas do fenômeno, a do passado e a do presente. Para começar, estima-se que, para cada espécie conhecida hoje, há pelo menos duas que ainda precisam ser descobertas.

E, entre a minoria já batizada pelos cientistas, menos de 3% passaram por uma avaliação formal de seu "status de conservação" -ou seja, não se sabe se estão em boas condições, ameaçadas de sumir ou mesmo extintas.

Do lado dos fósseis, sabe-se que nem todas as espécies têm a boa sorte de ser preservadas dessa maneira. Além disso, é difícil diagnosticar com precisão a presença de espécies separadas com base em fósseis; é possível que um leão e um tigre, por exemplo, parecessem idênticos se vistos via restos fossilizados.

É preciso se contentar em contar gêneros (grupo mais abrangente, logo "acima" do nível de espécie; tanto leões quanto tigres e onças são do gênero Panthera).

Finalmente, como extinções acontecem de forma irregular, olhar apenas um período mais curto (como os últimos 500 anos) pode dar uma ideia errada das tendências a longo prazo.

Barnosky e companhia usaram métodos estatísticos para contornar isso e dizem que, de qualquer jeito que se olhe, as taxas atuais parecem fora de qualquer escala normal. Mas uma catástrofe do nível das "Big Five" não deve acontecer até o fim deste século, como muitos temiam.

Se todas as espécies hoje ameaçadas de extinção sumirem no próximo século e se a tendência continuasse, esse nível seria alcançado em uns 300 anos, diz a pesquisa.

Do ponto de vista da história da Terra, é um piscar de olhos. Entre as "Big Five", só não seria mais rápida que a extinção dos dinossauros.

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