29 Junho 2022
A cada ano, as publicações católicas publicam mais artigos e reflexões para o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Dois artigos publicados em mídias católicas dos EUA neste mês de junho abordaram a conexão entre o Orgulho e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus.
A reportagem é de Robert Shine, publicada por New Ways Ministry, 28-06-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Alex Gruber, um ministro leigo, escreveu no portal US Catholic sobre o que o Sagrado Coração de Jesus significou para ele como um católico gay. Conforme amadurecia, ele se perguntava “há espaço para mim aqui?”. Esta que é uma experiência comum para pessoas LGBTQIA+. Em seu artigo, Gruber responde:
“Para mim, pelo menos, a resposta vem diretamente do Sacrum Cor, o próprio Núcleo Sagrado, o coração de Jesus que estava sentado no meio daquelas rosas que eu olhava quando criança. Este coração bate no centro do meu ser, desta Igreja e do nosso universo. Vale para todos, incluindo pessoas LGBTQIA+ como eu. O Sagrado Coração e a sua devoção não são inacessíveis aos católicos queer. De fato, nossa experiência de marginalização na igreja e na sociedade pode nos permitir uma visão distinta e valiosa de como o coração de Cristo bate, de quem é Deus”.
Ele continuou:
“Nossa sexualidade e gênero são parte integrante de quem somos em nosso núcleo. Quanto melhor os compreendermos e os integrarmos em nossas vidas (e dermos aos nossos vizinhos espaço e amor para fazerem o mesmo), mais profundamente entraremos no mistério do Sagrado Coração”.
Para ler a reflexão completa, em inglês, acesse este link.
O jesuíta estadunidense James Martin também associou a devoção ao Sagrado Coração ao Orgulho LGBTQIA+ no portal Outreach. Ele observa que quando no mês de junho ele fala do Sagrado Coração, as pessoas pedem para ele falar sobre o Orgulho LGBTQIA+, e quando ele fala do Orgulho, as pessoas perguntam por que ele não está focando no Sagrado Coração. Mas Martin argumenta que “é providencial que ambos sejam marcados em junho”.
Ele continua:
“O Sagrado Coração nos lembra como Jesus amou: de forma plena, aberta, radical, até a morte. Nas inúmeras imagens do Sagrado Coração, seu próprio coração está sempre exposto: sangrando, vulnerável, próximo de nós”.
“O Orgulho LGBTQIA+ é sobre o amor também. Não simplesmente o amor que as pessoas LGBTQIA+ têm umas pelas outras, mas o amor que a sociedade tem por elas e o amor que Deus tem por elas”, explica.
“Onde estaria o Sagrado Coração hoje? Seria derramado em amor sobre essas pessoas que buscam amor e aceitação. Assim, no final, encontro as duas celebrações – o Mês do Sagrado Coração e o Mês do Orgulho – não apenas não conflitantes, mas profundamente complementares. Um nos mostra como Jesus amou; o outro nos mostra a quem Jesus nos chama a amar”, conclui.
Para ler a reflexão completa, em inglês, acesse este link.
Por fim, a teóloga queer Flora Tang escreveu no National Catholic Reporter sobre seus livros recomendados para refletir o Orgulho LGBTQIA+. Os livros incluem histórias da Revolta de Stonewall que inspirou as celebrações modernas, obras de poetas LGBTQIA+, Hidden Mercy de Michael O'Loughlin, o novo livro de Yunuen Trujillo sobre o ministério pastoral LGBTQIA+ e um livro sobre o ativismo LGBTQIA+ entre os cristãos quenianos.
Tang comenta no final:
“Estes e muitos outros livros nos lembram das muitas faces da estranha alegria, tristeza, resistência e esperança em nossas igrejas e em nosso mundo – e as muitas imagens de Deus que transcendem nossa imaginação. É minha esperança que neste mês do Orgulho, a pergunta que fazemos não seja apenas ‘Como podemos, como católicos, ser uma presença mais acolhedora para as pessoas queer?’, mas também ‘Como podemos permitir que indivíduos queer e sua profunda fé e espiritualidade transformem a nós todos?’”
“Através da leitura e escuta profunda dos poemas, orações e histórias desses livros (e das pessoas queer em nossas próprias vidas) neste mês do Orgulho LGBTQIA+, podemos nós mesmos ver e rezar a um Deus cujo amor radical também transcende os limites da convenção para chegar a cada um de nós”, concluiu Tang.
O artigo completo, também em inglês, pode ser acessado neste link.
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O Mês do Orgulho LGBTQIA+ e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus são complementares? Dois autores dizem “sim” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU