Durante uma cerimônia comemorativa dos 95 anos de Bento XVI, que aconteceu no dia 18 de junho, seu secretário particular foi às lágrimas ao falar sobre a deterioração do estado de saúde do papa emérito e trazer à memória algumas discussões marcantes que teve com ele.

A reportagem é publicada por Famille Chrétienne, 24-06-2022. A tradução é do Cepat.

A cena foi particularmente comovente. Diante de uma multidão que se reuniu, no dia 18 de junho, no Palácio Nymphenburg, em Munique, para celebrar os 95 anos de Bento XVI (nascido no dia 16 de abril), seu secretário particular, o arcebispo Georg Gänswein, fez um breve discurso. Ao falar sobre o estado de saúde do papa emérito e sobre algumas lembranças marcantes, o prelado não conseguiu conter as lágrimas.

“Eu nunca teria acreditado que a última parte do caminho entre o Mosteiro Mater Ecclesiae e a porta do céu de São Pedro… [o prelado, inclinando o rosto, para por alguns segundos e luta para esconder a emoção que o domina…] ...e a porta do céu de São Pedro seria tão longo”, murmura com voz trêmula.

“Os últimos anos exauriram suas forças”

E para continuar, tira o lenço: “Eis o que Bento XVI me confiou… [faz mais uma pausa, antes de retomar] ... Quando falamos sobre o peso e a angústia da velhice e as críticas recorrentes contra sua pessoa e sua ação. Foi há alguns anos. Mesmo depois da sua renúncia, Bento XVI respondeu com franqueza e convicção às questões e aos desafios importantes da época, sempre à luz da Encarnação. E isso era característico dele. Foi aí que ele se sentiu desafiado. É um requisito que ele dominou com brilhantismo, querendo ou não, enfrentando todas as investidas do mundo até os dias mais recentes. O supremo ministério pastoral não era apenas um fardo para ele, mas também uma alegria para a alma. E esta alegria da alma ele a preservou – para além de todas as angústias e decepções. Ela é como uma luz que o acompanha internamente”.

As lágrimas voltam quando passa a falar mais especificamente da saúde debilitada de Bento XVI: “Enquanto isso, o papa emérito... [o arcebispo tenta ao máximo conter os soluços e deixa passar alguns segundos de silêncio] ...tornou-se um homem muito idoso, fisicamente frágil, mas cuja mente e olhar estão, graças a Deus, ainda despertos e brilhantes. Mesmo que sua voz esteja cada vez mais fraca e incompreensível. Os últimos anos exauriram suas forças. Mas apesar de perder suas forças, conservou a humilde serenidade de seu coração. Como outrora se manifestou talvez mais claramente diante de todo o mundo nos momentos em que respondia às perguntas das crianças, sempre de forma totalmente livre e revigorante”.

Conclui saudando o humor e a doçura desta figura papal que conhece e por quem tem especial admiração: “Seu humor inalterável também está muito presente, envolto na sua doçura pessoal, que sempre foi a marca da sua personalidade. Ele se alegrou como uma criança quando foi informado sobre a cerimônia de hoje. E me pediu para enviar a todos vocês calorosas bênçãos”.

Esta não é a primeira vez que o arcebispo Georg Gänswein se mostra muito emocionado em público. Já durante o funeral do irmão de Joseph Ratzinger em 2020, ele havia lido com voz trêmula a carta que o papa emérito dirigiu a esse irmão falecido.

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