Eu, o nazifascismo e Orbán, o vencedor. Artigo de Edith Bruck

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06 Abril 2022

 

"Infelizmente, a maioria da população é muito nacionalista, mas felizmente vislumbra-se alguma oposição. A democracia ainda está longe na Hungria, onde vigora uma forte censura nos meios de comunicação de massa. Mas algo mudou. Os cumprimentos de Putin ao vencedor Orbán são arrepiantes. E são a confirmação da ditadura de Putin", escreve Edith Bruck, poeta húngaro-italiana que sobreviveu aos campos de concentração e recentemente recebeu a visita do Papa Francisco, em artigo publicado por La Stampa, 05-04-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o artigo.

 

O resultado eleitoral na Hungria me leva de volta à época em que eu era criança. Muitas lembranças de um período em que o nacionalismo já era muito forte. Um sentimento muito difundido também porque nós, crianças, aprendíamos poesias e canções. Quando eu ia para a escola na Hungria, todas as manhãs tínhamos que ficar na posição de sentido e repetir: “A Hungria mutilada não é a Hungria. A Hungria inteira é paradisíaca”. E a esses slogans também se adicionavam aqueles de canções de louvor ao Deus dos húngaros. Os versos, os textos pingavam de nacionalismo enquanto crescia o eterno antissemitismo contra a minoria judaica e os ciganos eram tratados como pestilentos.

 

O nacionalismo exasperado foi enriquecido por um fascismo cruel, que resultou no nazifascismo. Em 1944 fomos deportados dos nossos vilarejos pelos próprios húngaros e não pelos alemães como nas grandes cidades. Com a chegada da libertação, aplaudiam o Exército Vermelho. Mas em voz baixa culpavam os judeus por trazer o comunismo e se adequavam ao novo regime. Em 1956, os refugiados húngaros em minha casa em Roma contavam sobre o despertar do fascismo do falso sono e despiam os homens na rua para verificar se eram circuncidados. E se fossem, eles os espancavam.

 

Orbán é o rosto de um país, seu triunfo não me surpreende, mesmo que me consolem as minorias unidas que o desafiaram. Infelizmente, a maioria da população é muito nacionalista, mas felizmente vislumbra-se alguma oposição. A democracia ainda está longe na Hungria, onde vigora uma forte censura nos meios de comunicação de massa. Mas algo mudou. Os cumprimentos de Putin ao vencedor Orbán são arrepiantes. E são a confirmação da ditadura de Putin. Também não faltaram os cumprimentos de Salvini que, na minha opinião, não representam um bom sinal.

 

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