O Papa encontrou-se com Orbán em Budapeste. Aos bispos húngaros: “A diversidade assusta, mas não aos fechamentos”

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13 Setembro 2021

 

Foi diretamente o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que divulgou primeiro no Facebook a foto que imortaliza o momento do aperto de mão entre ele e o Papa Francisco. Esta manhã o primeiro-ministro encontrou-se com o Papa juntamente com o Presidente da República János Áder. Segundo o relato da Santa Sé, o clima do encontro foi cordial. Os dois falaram sobre o papel da Igreja no país, o empenho com a preservação do meio ambiente, a defesa e promoção da família. Enquanto Orbán pediu a Francisco "para não deixar perecer o cristianismo na Hungria".

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 12-09-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

O encontro, que também contou com a presença do Secretário de Estado Pietro Parolin e do Secretário para as Relações com os Estados, Paul Gallagher, aconteceu na Sala Românica do Museu de Belas Artes de Budapeste e durou cerca de quarenta minutos. É a área artisticamente mais rica do Museu. Dividida por altos pilares, lembra uma basílica românica.

Francisco pousou em Budapeste por volta das 7h45. É o primeiro voo internacional depois de sua internação para cirurgia em julho passado. Um voo ao qual outros seguirão: “As viagens estão sendo retomadas, é algo muito importante”, disse o Papa aos jornalistas presentes. E ainda: “Este voo tem um pouco o gosto da despedida”, continuou, lembrando o mestre de cerimônias, monsenhor Guido Marini, que sai para se tornar bispo de Tortona, e também lembrando que este é o último voo papal com a Alitalia.

Em seguida, o encontro com os representantes do Conselho Ecumênico de Igrejas e algumas comunidades judaicas da Hungria. À tarde, às 15h30, chegada a Bratislava, acolhido no aeroporto pela Presidente da República Zuzana Caputová e às 16h30, na Nunciatura, o encontro ecumênico antes e, em privado, com os Jesuítas. O pontífice falou aos bispos húngaros sobre o acolhimento: “A diversidade é sempre um pouco assustadora porque põe em risco as certezas adquiridas e desafia a estabilidade alcançada. Entretanto, é uma grande oportunidade para abrir o coração à mensagem do Evangelho: 'Amem-se uns aos outros como eu vos amei’”. Francisco destacou que não devemos nos fechar "em uma defesa rígida" de uma "nossa dita identidade", mas "abrir-nos ao encontro com o outro" para chegar a uma "sociedade fraterna".

Para o Papa, trata-se de uma viagem puramente espiritual. O Vaticano não quer que o encontro com Orbán seja explorado politicamente. No entanto, as expectativas nesse sentido são muitas. Depois da tomada do poder pelos talibãs no Afeganistão, Orbán disse que queria "proteger a Hungria da crise de imigrantes". Palavras distantes do magistério de Francisco que em 2013 iniciou o seu pontificado com uma viagem a Lampedusa, o coração do Mediterrâneo sofredor.

Falando no Conselho Ecumênico, Francisco também lembrou "a ameaça do antissemitismo, que ainda se aninha na Europa e em outros lugares". "É um pavio que precisa ser apagado", disse ele. E ainda: “Cada vez que houve a tentação de absorver o outro, não se construiu, mas se destruiu; também quando se quis guetizá-lo em vez de integrá-lo. Quantas vezes na história isso aconteceu! Devemos vigiar para que isso não aconteça novamente. E nos comprometermos a promover juntos uma educação para a fraternidade, para que não prevaleçam as regurgitações de ódio que querem destrui-la”.

O Papa também se referiu à imagem da Ponte das Correntes, a mais antiga e famosa das que cruzam o Danúbio em Budapeste. No país onde vivia a maior comunidade judaica da Europa - em 1944, 435.000 judeus foram deportados para os campos de extermínio - Francisco falou dessa ponte que "liga as duas partes desta cidade". “Não os funde - disse - mas os mantém unidas. É assim que devem ser os laços entre nós”. E ainda: “Toda vez que houve a tentação de absorver o outro, não se construiu, mas se destruiu; também quando se quis guetizá-lo em vez de integrá-lo. Quantas vezes na história isso aconteceu! para que isso não aconteça novamente. E nos comprometermos a promover juntos uma educação em fraternidade, para que não prevaleçam as regurgitações de ódio que querem destrui-la”.

Na homilia da missa, o Papa recordou que “a Cruz nunca está na moda. É diante do Crucifixo que sentimos uma benéfica luta interior, o amargo conflito entre 'pensar segundo Deus' e 'pensar segundo os homens". De um lado, existe a lógica de Deus, que é a do amor humilde. O caminho de Deus evita qualquer imposição, ostentação e triunfalismo, visa sempre o bem dos outros, até o sacrifício de si mesmo. Do outro lado há 'pensar segundo os homens': é a lógica do mundo, do mundanismo, apegada à honra e aos privilégios, visando o prestígio e o sucesso. Aqui contam a relevância e a força, o que mais atrai a atenção e sabe se afirmar na frente dos outros". E ainda: "Existe a parte de Deus e existe a parte do mundo. A diferença não é entre quem é religioso e quem não é. A diferença crucial é entre o verdadeiro Deus e o deus do nosso ego. Quanto é distante, Aquele que reina em silêncio na cruz, do falso deus gostaríamos que reinasse pela força e reduzisse ao silêncio os nossos inimigos! Quanto é diferente Cristo, que só se propõe com amor, dos messias poderosos e vitoriosos adulados pelo mundo! Jesus nos sacode, ele não se contenta com declarações de fé, pede-nos que purifiquemos a nossa religiosidade diante de sua cruz, diante da Eucaristia. É bom para nós estar em adoração diante da Eucaristia para contemplar a fragilidade de Deus”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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