25 Fevereiro 2022
Não é uma ação política, mas continua sendo uma tomada de posição clara em um momento muito delicado. O Papa Francisco no próximo dia 2 de março convoca todos, não apenas os crentes, para um dia de oração e jejum, em vista dos "cenários cada vez mais alarmantes" da "crise" – ele nunca fala de "agressão" - entre a Rússia e a Ucrânia.
Ele também o fez em 2013 pela Síria, logo após a eleição ao trono de Pedro. Repete isso hoje num contexto onde uma ação de mediação oficial não lhe é, de fato, permitida. Não há consenso de ambas as partes. Não só; nos territórios envolvidos, as confissões religiosas, em particular as duas Igrejas Ortodoxas da Ucrânia e Moscou, não gostam de interferências.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 24-02-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Mas o juízo de Francisco e da Santa Sé sobre o que está acontecendo é claro. Há erros de muitos lados. Washington também não está agindo na melhor das maneiras. Quanto a Putin, as palavras do Osservatore Romano dizem tudo: "Putin optou por forçar a mão, oficializando o que já estava de fato em campo, bem ciente das implicações que tal decisão teria comportado".
Por essa razão, a perspectiva de uma solução pacífica em uma "queda de braço" que há meses opõe a Rússia e o Ocidente "parece desvanecer-se". Lacônico também o comentário de um mês atrás do "ministro das Relações Exteriores" do Vaticano, monsenhor Paul Gallagher, durante a missa com a Comunidade de Santo Egídio: "É realmente triste ver populações inteiras dilaceradas por tanto sofrimento causado não por desastres naturais ou fatos que estão fora do poder humano, mas pela ‘mão do homem’, por ações realizadas não por um acesso de raiva, mas cuidadosamente calculadas e realizadas de modo sistemático”.
No jornal Repubblica, também um mês atrás, foi D. Paolo Pezzi, arcebispo metropolita de Moscou, quem disse que uma mediação vaticana entre Zelenskij e Putin não deveria ser excluída. Canais oficiosos entre a Santa Sé e as duas partes certamente existem, mas uma intervenção mais decisiva em campo, no modelo do que aconteceu entre Cuba e os EUA, ou na Colômbia, não está na agenda. A Santa Sé está trabalhando com Moscou para um segundo encontro entre o Papa e o Patriarca Kirill.
Mas, como disse há poucos dias o embaixador russo na Santa Sé, Alexander Avdeyev, os preparativos são para o próximo "junho-julho". De Florença, onde os bispos italianos convocaram uma reunião pela paz no Mediterrâneo, que se realizou na última quarta-feira com todos os prefeitos da região, também falou o cardeal Gualtiero Bassetti, presidente da CEI: "Que a não violência se torne prática política", pediu.
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O apelo do Papa Francisco a não crentes e a crentes: “Jejum contra a guerra em 2 de março” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU