Cardeal alemão Rainer Woelki pede ao Papa para investigar as acusações de encobrimento de abusos contra ele

Cardeal alemão Rainer Woelki. | Foto: CNS photo/Harald Oppitz

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Dezembro 2020

O cardeal Rainer Maria Woelki, de Colônia, anunciou em 11 de dezembro que ele pediu ao papa Francisco para investigar as alegações contra si sobre encobrimento de abusos sexuais.

A reportagem é publicada por National Catholic Reporter, 11-12-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

“A fim de esclarecer as acusações contra mim, eu estou pedindo ao Santo Padre uma investigação sobre esse assunto”, anunciou Woelki. “O fato permanece: falhas em enfrentar a violência sexual devem ser expostas, independente de quem as faz. Isso também inclui a mim”.

O movimento de Woelki é feito depois de um relatório alegando que em 2015 o cardeal não reportou à Roma sobre um caso sério de abuso sexual que teria ocorrido há décadas. Ainda, Woelki não teria admitido um inquérito preliminar no caso embora soubesse disso pelos arquivos pessoais.

O caso é contra um padre que deu a primeira experiência pastoral ao jovem Woelki, quando este ainda era diácono. O padre também foi convidado a ir a Roma em 2012 quando Woelki tornou-se cardeal.

A arquidiocese sabia das acusações contra o padre antes de Woelki tornar-se arcebispo de Colônia em 2014. A arquidiocese explicou que em 2015, devido ao pobre estado de saúde, o padre “de nenhuma maneira” poderia testemunhar sobre as acusações. O padre sofreu um segundo derrame e tinha demência avançada, de modo que uma confrontação pessoal não foi possível.

Ademais, a vítima de abuso sexual informou à arquidiocese que “ele se viu sem condições para comentar mais sobre o assunto”. Como resultado, não houve um exame preliminar nem um relatório arquivado na Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé.

Muitos dos especialistas em Direito Canônico tem contradito essa argumentação. Mesmo que o padre acusado – que morreu em 2017 – não pudesse ser questionado, pessoas do entorno dele poderiam pelo menos ser questionadas, disseram. Em qualquer evento, o Vaticano deveria ser informado. Roma então deveria decidir sobre os procedimentos de julgamento canônico dos crimes.

De acordo com a informação obtida pela Agência Católica de Notícias da Alemanha, KNA, canonistas do Vaticano olham a situação menos rigorosamente. Woelki poderia reportar o caso à Roma em 2015, mas absolutamente não seria obrigatório fazê-lo. Isso seria necessário apenas depois das regras rigorosas implementadas em 2019, que sim o obrigariam de reportar.

Woelki tornou-se o segundo na hierarquia oficial da Alemanha a pedir ajuda ao Vaticano sobre acusações de encobrimento, em poucas semanas – o primeiro foi Stefan Hesse, arcebispo de Hamburgo, em novembro. Hesse enfrentou acusações de abuso por seu tempo em Colônia, começando em 2006 como coordenador de pastoral e depois como vigário-geral.

 

Leia mais