O Relatório McCarrick careceu de um investigador independente. Editorial da revista America

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13 Novembro 2020

“Embora tenha sido feita uma extensa investigação interna, o Vaticano nunca acatou a requisição de um comitê de leigos. Como resultado, algumas áreas do Relatório McCarrick que parecem opacas ou defensivas pode fazer com que os leitores se perguntem se cada conclusão nas mais de 400 páginas do Relatório McCarrick está oferecendo a divulgação completa do que as autoridades do Vaticano sabiam”, escrevem os editores da revista America, dos jesuítas dos EUA, 12-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Eis o editorial.

A publicação do Relatório McCarrick pela Secretaria de Estado do Vaticano no dia 10 de novembro foi um sinal do momento da Igreja Católica, um acerto de contas sem precedentes com as falhas da corporação e pessoais sobre um assunto no qual honestidade e transparência tem sido tão frequentemente levada para a autopreservação. A Igreja estadunidense – dos bispos e cardeais a todo o povo das paróquias – esperaram por dois anos para conhecer quem sabia o que e quando; algumas das vítimas de McCarrick esperaram por décadas. É importante reconhecer o sofrimento delas e a coragem de terem mostrado perseverança na busca pela verdade e justiça.

O relatório é um passo necessário e bem-vindo na direção certa. A Igreja surgiu com um relatório público substancial que admite falhas e injustiça. Também é importante relembrar como esse processo ficou aquém.

O resultado da carta de 2018 do arcebispo Carlo Maria Viganò acusando o papa Francisco de reverter as restrições que Bento XVI impôs a Theodore McCarrick foi explosivo (e amplamente descreditado), os bispos estadunidenses solicitaram ao Vaticano para que nomeasse um comitê independente de leigos para revisar a história de McCarrick e as ações que foram tomadas para sancioná-lo ou restringir o ministério dele. Por quê? Porque é difícil, se não impossível, para qualquer organização investigar a si mesmo de forma imparcial. Corporações contratam auditores de fora exatamente por essa razão. É da natureza humana proteger primeiro seus próprios interesses e reputação. Na maioria das circunstâncias é melhor pedir para um grupo imparcial – ou melhor, um advogado do diabo – para liderar qualquer investigação.

Embora tenha sido feita uma extensa investigação interna, o Vaticano nunca acatou a requisição de um comitê de leigos. Como resultado, algumas áreas do Relatório McCarrick que parecem opacas ou defensivas pode fazer com que os leitores (e certamente os repórteres) se perguntem se cada conclusão nas mais de 400 páginas do Relatório McCarrick está oferecendo a divulgação completa do que as autoridades do Vaticano sabiam.

Se e quando a Igreja tiver que passar por esse terrível processo novamente, os responsáveis pelo relatório não devem ser os que mais estão em jogo na reputação da instituição. Afinal, há mais de um bilhão de católicos leigos que se preocupam profundamente com a proteção de crianças e adultos vulneráveis.

 

 

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