Em publicação no New York Times, 125 bispos da Conferência Episcopal pedem que o presidente dos Estados Unidos não ponha fim à Ação Diferencial para Chegados na Infância (DACA).

A informação é publicada por Riforma, 25-09-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.

125 bispos da Conferência Episcopal dos Estados Unidos compraram uma página inteira do New York Times de 21 de setembro, para publicar um anúncio endereçado para Donald Trump no qual é apresentado o pedido para não por fim à Ação Diferencial para Chegados na Infância (DACA): o "escudo" temporário promovido pelo ex-presidente Barack Obama que serviu para proteger cerca de 800 mil meninos e meninas, jovens e adultos - chamados de "dreamers", sonhadores – que, chegados aos Estados Unidos sem documentos em idade infantil, graças à inscrição no programa foram capazes de completar o percurso de instrução superior e trabalhar legalmente.

As 125 assinaturas que apareceram no New York Times consideram que "a decisão de terminar o programa irá colocar em perigo a vida de milhares de jovens e de suas famílias; um gesto extremamente contrário à fé e às tradições morais que distinguem o país”, conforme ressaltam os bispos estadunidenses.

Michael Curry, Katharine Jefferts Schori e Frank T. Griswold, três dos 125 bispos signatários - lembra a agência de notícias episcopal ‘Episcopal News Services’ – consideram "injusto privar do bem-estar muitos jovens que chegaram aos EUA quando eram crianças e não por própria escolha”.

Richard Witt, diretor executivo do Serviço de Migrantes da Conferência Episcopal, e Lawrence C. Provenzano, da Diocese de Long Island, lembraram como o tão difundido multiculturalismo e multirreligiosidade exigem hoje que os livros de oração sejam “redigidos em diferentes idiomas” justamente “para facilitar a vida das pessoas que vivem e residem em diferentes bairros espalhados pelos Estados Unidos".

Witt e Provenzano também foram os promotores da iniciativa e da declaração (antes enviada por e-mail aos colegas para colher as assinaturas) publicada no New York Times: uma declaração, contudo, não subscrita por unanimidade "talvez para evitar controvérsias” - disse Denise Fillon, diretora de Comunicação da diocese de Long Island. “Eu ouvi os bispos até terça-feira de manhã - continua Fillon - e então, com o texto compartilhado por uma esmagadora maioria, decidiu-se enviá-lo, no mesmo dia, para o jornal".

Os 125 bispos denunciam no texto que "acabar com a DACA e sem um programa de substituição, força os ‘sonhadores’ a um futuro social perigoso e precário, com escassas possibilidades de acesso à educação e ao emprego”, em última análise, que "todas as pessoas que antes eram tuteladas, hoje estariam mais expostas e vulneráveis a possíveis violências e perseguições” e que, sem garantias de apoio, veriam desmoronar sobre elas "um cenário inadmissível e cruel".

O presidente Barack Obama havia instituído o DACA em junho de 2012: "Hoje - conclui o apelo – a nossa Nação está se movendo de forma diametralmente oposta ao que a Sagrada Escritura nos conclama a fazer. Não consideramos isso um ‘passo para o progresso’, mas um verdadeiro retrocesso causado por uma decisão condenável e inaceitável".

Leia mais

• Trump põe fim a programa de Obama que impedia a deportação de 800.000 imigrantes
• Trump abre caminho para deportação maciça de imigrantes irregulares
• Líderes da Igreja Católica condenam a decisão do governo Trump de acabar com o DACA
• Trump pode abrir as portas para a deportação dos ‘sonhadores’
• Obama diz que decisão de Trump sobre jovens imigrantes é 'errada e cruel'
• Trump promete expulsar dois a três milhões de imigrantes "imediatamente"
• Os bispos do México e Estados Unidos, unidos contra a construção de um muro na fronteira