O nascimento de um Jesus-severino e a vitória da esperança. Entrevista especial com Eli Brandão

Para o professor, “o encaixe do auto de Natal no momento mais agudo do desespero de Severino dá ao anúncio do nascimento do menino um sentido especial”

Foto: Kenia Castro/ Flickr

Por: João Vitor Santos | 14 Janeiro 2017

Estamos em tempo de Advento, em preparação para o Natal. Mas esses tempos não são como outros, pois a pandemia que nos assola põe a humanidade de frente com a iminência de seu próprio fim. Até mesmo quem se anima com as festas de fim de ano tem estado cabisbaixo, pensando no sofrimento de muitos e nas crises pessoais e coletivas que nos assolam. Mas Natal é justamente esperança, o próprio Cristo faz pensar “há de vir” outro tempo, um tempo melhor e por isso é preciso esperança. Na literatura brasileira, muitas são as narrativas de dor, sofrimento, mas também de espera de um novo tempo que podemos aproximar da narrativa natalina. Uma delas é Morte e Vida Severina, escrita por João Cabral de Melo Neto, escrita ainda na década de 1950, mas atualíssima.

 

Muitos estudiosos da obra de João Cabral não hesitam em ver um Jesus-severino. Há quem fique horas diante das imagens imóveis do presépio, fitando e sentindo a magia daquele momento. Entretanto, reconhecer aquela cena viva, menos sacralizada e em movimento, atualiza e ressignifica a chegada do Cristo, tornando-o humano e próximo, pulsando noutra magia pela mística desse Jesus-severino. O professor e doutor em Ciências da Religião Eli Brandão da Silva compreende que é esse movimento que faz João Cabral de Melo Neto ao reconstituir os desafios de vida e a esperança que se renova num nascimento a partir da narrativa do nordestino Severino. “O encaixe do auto de Natal no momento mais agudo do desespero de Severino dá ao anúncio do nascimento do menino um sentido especial. Pois, para combater o desespero em sua potência máxima, só uma esperança em potência ainda maior”, destaca.

 

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, o professor observa como esse conto torna a história do Cristo mais intelegível, traduzida pela cultura popular. “A mulher que sai do mocambo e, festivamente, faz o anúncio do nascimento do menino, encobre o anjo da anunciação de Mateus e de Lucas”, exemplifica. Eli reconhece que a anunciação do nascimento no auto pernambucano é brevíssimo, “mas comporta tanto a ampliação dos agentes, quanto a inclusão dos marginalizados”. Ele explica que isso se dá porque, “por um lado, o agente da anunciação não é um ser assexuado nem um astro celeste, mas uma pessoa humana, uma mulher, um pobre. Por outro, o anúncio alcança imediatamente Severino e Carpina, retirantes, marginalizados, mas também símbolos dos que têm esperança de encontrar vida”. Ainda na entrevista, Eli provoca a leitura da obra na perspectiva que se pode chamar de teologia popular. “Pode ser entendida como teológica, pois os textos da tradição cristã não são privativos da igreja cristã ou dos teólogos”, pontua.

 

Eli da Silva (Foto: UEPB)

 

Eli Brandão da Silva é doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo - Umesp, com tese intitulada Nascimento de Jesus-Severino no auto de Natal pernambucano como revelação poético-teológica da esperança: hermenêutica transtexto-discursiva na ponte entre Teologia e Literatura. É também mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil – STBNB, Recife - PE, com dissertação sobre as relações entre Teologia e Filosofia na obra de Sören A. Kierkegaard, a partir dos conceitos de Angústia, Desespero e Fé. Licenciado em Letras Vernáculo/Inglês pela Universidade Católica de Pernambuco/Universidade Estadual da Paraíba, ainda é bacharel em Teologia pelo STBNB. Atualmente é professor da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Interculturalidade - PPGLI, na mesma universidade. Entre suas publicações de destaque estão Jesus-Severino e a teimosa Esperança (Estudos de Religião, São Bernardo, v. 1, n.1, p. 18-37, 2007) e E o Divino se faz verbo: conjunções entre símbolo e metáfora (Estudos de Religião, São Paulo, v. 01, n.01, p. 161-177, 2005).

 

A entrevista foi originalmente publicada na revista IHU On-Line, no. 499, 19-12-2016.

 

Confira a entrevista.

 

IHU On-Line - Em que medida podemos considerar Morte e vida severina um texto teológico?

Eli Brandão da Silva - Para responder a essa pergunta, preciso apontar qual é o conceito de Teologia implícito no meu trabalho. De forma sintética, teologia é discurso sobre os deuses. Neste sentido, a obra Morte e vida severina: Auto de Natal pernambucano pode ser entendida como teológica, independente da intenção do seu autor, por se apresentar configurada em diálogo com textos fundantes da tradição cristã, como um palimpsesto [1], por constituir sua pluridiscursividade por meio da incorporação de contributos discursivos da tradição teológica. Esta obra de João Cabral pode ser entendida como teológica, pois os textos da tradição cristã não são privativos da igreja cristã ou dos teólogos, mas pertencem ao patrimônio cultural da humanidade. Neste sentido, já não é mais possível controlar o fazer teológico, assim como ninguém pode controlar o fazer filosófico, político, histórico, e todos os saberes.

Além disso, a relação hipertextual, o palimpsesto, pode se apresentar pouco compacta e evidente, de tal modo que o desvelamento da condição teológica da obra dependa do trabalho de análise e interpretação do leitor, em face às diversas possibilidades hermenêuticas.

 

 

IHU On-Line - De que forma esse texto de João Cabral de Melo Neto proporciona uma revelação poético-teológica da esperança?

Eli Brandão da Silva - A obra possui uma divisão interna que apresenta 18 cortes. Destacando o auto de Natal do restante da obra, restam 12 cortes, simetricamente, atualizados por seis monólogos e seis cenas, dispostos alternadamente. A narrativa segue linearmente, numa alternância entre os monólogos e as cenas, constituindo a tensão dramática, que, progressivamente, vai se condensando até a primeira parte da última cena dialógica, quando ocorre o clímax. Neste momento, há uma interrupção da narrativa, o auto de Natal é encaixado, pondo um fim no caráter trágico da ação com o anúncio do nascimento do menino, pois este é a ponte que liga o auto trágico ao auto de celebração da esperança, à peça-mito.

Não fosse o salto para dentro da vida em oposição ao salto para fora da vida, os autos estariam completamente desconectados e o auto trágico, sem desfecho. Por isso, podemos dizer que o auto trágico precisa do auto de Natal para completar o seu sentido. Já o auto de Natal, diferentemente, tem autonomia, podendo ser deslocado para outros contextos.

Para perceber a referência no palimpsesto, basta responder às perguntas:

Quem é este, que tem o poder de impedir que o desespero se consuma em suicídio?

Quem é este nascente, que traz a esperança para os que lutam pela vida?

Quem é este, que converte o drama trágico do humano em celebração?

O fato de o anúncio do nascimento do menino a José, mestre carpina, produzir o efeito de interromper a tragédia, já mostra a riqueza do simbolismo deste nascimento.

 

 

Ícone do drama humano

Severino, mais do que um representante regional, pode representar também o drama humano, enquanto busca de vida, de esperança, neste caso, a resposta ao seu grito de morte e desespero não se reduz ao nascimento de mais um Severino. O menino nascido só se torna símbolo da esperança porque estamos num auto de Natal. A riqueza do simbolismo deste nascimento não advém da interpretação de figuras isoladas, mas pelo encadeamento das figuras de Maria, Zacarias, José e as outras que, alusivamente, nos remetem aos Evangelhos, nos apontam para Jesus.

É revelação porque o sentido somente se desvenda por meio da análise e interpretação do palimpsesto. É poética porque se instaura uma conjunção simbólico-metafórica que potencializa a esperança por meio da alusão ao nascimento de Jesus, o que lhe confere a dimensão teológica.

 

IHU On-Line - A morte é algo presente em toda a narrativa de Severino. Como compreender essa ideia de morte? E como ela se perfaz no relato do nascimento do bebê no mocambo [2] da beira do rio?

Eli Brandão da Silva - A morte se apresenta ao longo do auto trágico, alternando-se entre monólogos e cenas, até a última cena dialógica, quando ocorre o clímax. No seu diálogo com Severino, seu José, mestre carpina, luta para preservar a vida do retirante, enquanto a morte lhe resiste pela fala e pelo gesto de Severino. A notícia do nascimento da criança, ocorrida no exato momento do desespero mortal de Severino, impediu a tragédia, instaurando a vitória da vida e da esperança que teimosamente resistiu pela fala do Carpina.

Isto porque a fala trágica de Severino, que antecipava um salto para dentro da morte, consumando a tragédia, foi interrompida pelo grito de uma mulher que, da porta do mocambo de José, anuncia-lhe que seu filho saltou para dentro da vida.

O tempo cronológico foi, miticamente, suspenso e instaurou-se um tempo festivo.

Foi encaixado o auto de Natal; um auto dentro do auto.

O drama trágico do Severino foi interrompido por uma epifania [3].

O encaixe do auto de Natal no momento mais agudo do desespero de Severino dá ao anúncio do nascimento do menino um sentido especial. Pois, para combater o desespero em sua potência máxima, só uma esperança em potência ainda maior. A criança nascente, neste caso, não pode ser um menino qualquer nascido no mangue. Seu salto para dentro da vida impediu que Severino desse o salto para dentro da morte.

 

 

Releitura da anunciação bíblica

A mulher que sai do mocambo e, festivamente, faz o anúncio do nascimento do menino, encobre o anjo da anunciação de Mateus [4] e de Lucas [5]. Em Mateus, além do anjo, o anúncio faz-se por meio da estrela do oriente, ampliando os agentes da anunciação, pois elementos da natureza física são instrumentos dessa revelação divina. Em Lucas, a anunciação é duplicada, pois não só a Maria as “boas novas” são anunciadas, mas também aos pastores, o que nos sugere uma esperança que alcança também os marginalizados. No auto de Natal pernambucano, a anunciação é breve, mas comporta tanto a ampliação dos agentes, quanto a inclusão dos marginalizados. Isto porque, por um lado, o agente da anunciação não é um ser assexuado nem um astro celeste, mas uma pessoa humana, uma mulher, um pobre. Por outro, o anúncio alcança imediatamente Severino e Carpina, retirantes, marginalizados, mas também símbolos dos que têm esperança de encontrar vida.

Os efeitos produzidos pelo nascimento do menino são análogos aos que foram produzidos por ocasião do nascimento de Jesus. Todos os que se encontram com o menino passam a viver num clima de alegria e a expressar atitudes de solidariedade, fraternidade e esperança, semelhante ao que ocorreu com os pastores e os magos. O canto final, o hino à vida, mostram que o auto de Natal se harmoniza com o sentido teológico dos prototextos teológicos, com as narrativas dissimuladas dos Evangelhos de Mateus e Lucas.


IHU On-Line - O último “cenário” de Morte e vida severina é a conversa “do carpina” com o retirante a partir da reflexão de que “se não vale mais saltar da vida e da ponte”. Que reflexões esse trecho pode inspirar e o que diz sobre a realidade do Nordeste brasileiro?

Eli Brandão da Silva - Não é a mesma coisa dizer que um retirante desesperado estava prestes a praticar um suicídio quando o avisaram do nascimento de uma criança qualquer da favela. Isto não impede um suicídio, nem nos remete a nenhum símbolo, nem abate o desespero, impedindo a tragédia. Mas, se entramos no mundo do texto e de lá percebemos uma busca cheia de esperança de encontrar a vida que não chega; se, na hora do desespero, do salto da morte, a criança que nasce é a do auto de Natal, então, ninguém tem dúvida, é Jesus. O rito de iniciação, o símbolo do nascimento nos lança ao profundo mistério da vida, ao sagrado, à esperança.



IHU On-Line - Em que contexto político-social João Cabral de Melo Neto concebe Morte e vida severina? E qual era a inserção da religião nesse contexto?

Eli Brandão da Silva - A obra Morte e vida severina - auto de Natal pernambucano foi escrita entre 1954-1955 por solicitação de Maria Clara Machado [6]. Mas como houve recusa para a montagem da peça, somente em 1956 ela foi publicada. A obra foi encomendada por Maria Clara para ser encenada como um Auto de Natal. Esse aspecto da encomenda, por si só, demonstra que deveria ser uma reescritura das tradições cristãs, portanto das narrativas do nascimento de Jesus.

O próprio João Cabral comenta que esta sua obra é uma homenagem às literaturas ibéricas, sendo os monólogos do retirante provindos do romance castelhano, a cena do enterro, do folclore catalão e os cantores de excelências, do Nordeste brasileiro. No Auto de Natal, vemos também a presença da tradição do pastoril do folclore pernambucano, além de outros elementos da tradição ibérica, ligados aos autos de devoção e de conversão.

 

Contexto social

O contexto social está marcado pela condição de miséria decorrente dos efeitos da seca, por um lado, e, por outro, decorrente da submissão dos pobres ao sistema de poder político e econômico do coronelismo, que prevalecia, por meio do qual oligarquias, representadas pela figura dos latifundiários senhores de engenhos, que concentravam o poder e a riqueza e dominavam o gado e as pessoas. Prevalecia, do ponto de vista religioso, um catolicismo popular, a serviço dos poderosos.

Contudo é preciso levar em conta que alguns textos literários, por sua dimensão universal e atemporal, sempre extrapolam os limites dos contextos de origem e ao serem apropriados por diferentes leitores e em diferentes espaços e diferentes temporalidades, como bem observa Ricoeur [7]: “é essencial(...) que ela [a obra] transcenda suas próprias condições psicossociológicas de produção e que se abra, assim, a uma sequência ilimitada de leituras, elas mesmas situadas em contextos socioculturais diferentes. Em suma, o texto deve poder, do ponto de vista tanto sociológico quanto psicológico, descontextualizar-se de maneira a deixar-se recontextualizar numa nova situação: é o que justamente faz o ato de ler”.

 

IHU On-Line - Como as perspectivas da filosofia existencial e das teologias aparecem e se articulam na literatura produzida por autores nordestinos?

Eli Brandão da Silva - A Literatura dialoga com a Filosofia e Teologia da Existência, à medida que temas existenciais expressivos da finitude e potência da condição humana são tecidos por meio dos percursos temáticos e/ou figurativos referentes a conceituações e metaforizações de temas como a morte, o desespero, a angústia, a solidão, o tempo, a dor, a saudade, a liberdade, a esperança, a libertação, o amor, a alegria, entre outras expressões da existência humana e configurados na pluridiscursividade metafórica dos seus textos, sendo os mesmos plausíveis de serem interpretados. Os temas existenciais mimetizados nas poéticas dialógica e dialeticamente promovem rupturas e/ou continuidades em relação ao discursivo das filosofias e das teologias da existência, evidenciando a potência da literatura como portadora de reflexões e importante interlocutora no diálogo com as filosofias e teologias da existência.

 

IHU On-Line - Quais as particularidades da religiosidade popular nordestina, que mistura diversas formas de manifestação da fé, e como é retratada na literatura regional?

Eli Brandão da Silva - No atual mundo globalizado, interconectado, as fronteiras entre religiosidades do campo e cidade são cada vez mais tênues. Além disso, por toda parte, se multiplicam manifestações religiosas, cada vez mais plurais, ao tempo em que a literatura regional, em consequência, expressa em seus textos essa diversidade e fecundidade.

 

IHU On-Line - A dureza da miséria e da seca nordestina é muito presente no imaginário da cultura popular do Brasil das décadas de 80 e 90. Entretanto, nas últimas décadas, esse Nordeste não aparece mais associado a essas imagens da cultura popular. Há de fato esse deslocamento da imagem do Nordeste? Por quê?

Eli Brandão da Silva - O inchamento das grandes cidades do eixo Sul-Sudeste, o desenvolvimento industrial e comercial do Nordeste (o que promove um movimento diferente do êxodo rural que fez muitos retirantes buscarem a saída Sul\Sudeste), e a reflexão empreendida em torno da história recente do Brasil certamente contribuíram para a contestação da ideia do Sul\Sudeste maravilha\paraíso e para a emergência de novos imaginários, por meio dos quais o Nordeste passa a ser ressignificado e refigurado, vindo a ser expresso, de forma crítica e criativa, na literatura e no cancioneiro da música popular, principalmente, nos últimos doze anos.

 

IHU On-Line - Como a imagem do retirante é atualizada no Brasil de 2016?

Eli Brandão da Silva - Posso exemplificar com uma canção “Orgulho de Ser Nordestino”, de autoria de Flávio Leandro [8], interpretada por Flávio José [9], representativa dessa geração de forrozeiros altruístas do Nordeste [10].

 

Além da seca ferrenha
Do chão batido e da brenha
O meu nordeste tem brio
Quer conhecer então venha
Que eu vou te mostrar a senha
Do coração do brasil
São nove estados na raia
Todos com banho de praia
Num céu de anil e calor
São nove estados unidos
Crescentes fortalecidos
Onde o brasil começou
E hoje no calcanhar da ciência
Formam uma grande potência
Irrigando o chão que secou
É verdade que a seca inda deixa sequela
Mas foi aprendendo com ela
Que o nosso nordeste ganhou
Deixou de viver de uma vez de esmola
E foi descobrir na escola
A grandeza do nosso valor

Eu quero é cantar o nordeste
Que é grande e que cresce
E você não conhece doutor
De um povo guerreiro, festivo e ordeiro.
De um povo tão trabalhador
Por isso não pise, viaje e pesquise.
Conheça de perto esse chão
Só pra ver que o nordeste
Agora é quem veste

É quem veste de orgulho a nação.

 

 

IHU On-Line - Que inspirações continuam candentes em Morte e vida severina ainda nos dias de hoje?

Eli Brandão da Silva - O nascimento de Jesus-severino transforma o sentido teológico da esperança. Mas não se trata de uma esperança como a simbolizada pelo nascimento de Isaque, a qual se referia a uma esperança de prosperidade para todas as subsequentes gerações, tampouco se trata de uma esperança que aponta apenas para além desta vida, como tem predominado nos discursos da escatologia do fundamentalismo protestante. Mas se trata de uma esperança pequenina, que compra a vida a retalho, que compra a vida de cada dia e, teimosamente, impulsiona a vida a se fabricar.

Essa esperança de vista curta é uma esperança-semente da nova vida explodida, é uma abertura do ser. Mais do que isso é a potência que testemunha que a vida não está condenada a ser um drama trágico, mas que pode se tornar um espetáculo festivo, solidário, fraterno.

 

Notas:

[1] Palimpsesto: designa um pergaminho ou papiro cujo texto foi eliminado para permitir a reutilização. Tal prática foi adotada na Idade Média, sobretudo entre os séculos VII e XII, devido ao elevado custo do pergaminho. A eliminação do texto era feita através de lavagem ou, mais tarde, de raspagem com pedra-pomes. A reutilização do suporte de escrita conduziu à perda de inúmeros textos antigos - desde normas jurídicas em desuso até obras de pensadores gregos pré-cristãos. (Nota da IHU On-Line)

[2] Mucambo: também conhecida como mocambo, palhoça, palhota, tejupar, cubata ou choupana. São denominações dadas a moradias construídas artesanalmente, muitas vezes de frágil constituição. Apresenta diferenças no Brasil mais de natureza regional, conforme o material empregado na sua construção - folha de buriti, palha de coqueiro, palha de cana, capim, sapé, lata velha, pedaços de flandres ou de madeira, cipó ou prego - do que de tipo, numas regiões mais africano, noutras mais indígena. (Nota da IHU On-Line)

[3] Epifania: é uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Também pode ser um termo usado para a realização de um sonho com difícil realização. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa". O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece. Teologicamente, é a revelação ao aparecimento de qualquer divindade. No sentido cristão, é também a denominação da festa que comemora o batismo de Cristo e também as bodas de Caná. Também é entendida, na Igreja ocidental, como a visita dos Reis Magos, como ocasião da primeira manifestação de Cristo aos gentios. (Nota da IHU On-Line)

[4] Mateus 1; 18-25. (Nota da IHU On-Line)

[5] Lucas 1; 26-38. (Nota da IHU On-Line)

[6] Maria Clara Machado (1921-2001): foi uma escritora e dramaturga brasileira, autora de peças infantis. Em 1951, fundou uma das maiores escolas de teatro do Brasil, o Tablado. Considerada a maior autora de teatro infantil do país, Maria Clara Machado escreveu quase 30 peças infantis, livros para crianças e 3 peças para adultos (As interferências, Os Embrulhos e Miss Brasil). É filha de Aníbal Machado, escritor, futebolista, professor e homem de teatro brasileiro. (Nota da IHU On-Line)

[7] Paul Ricoeur (1913-2005): filósofo francês. Sobre ele, conferir o artigo intitulado Imaginar a paz ou sonhá-la?, publicado na edição 49 da IHU On-Line, de 24-02-2003, e uma entrevista na edição 50. A edição 142, de 23-05-2005, publicou a editoria Memória sobre Ricoeur, em função de seu falecimento. A formação de Ricoeur se dá em contato com as ideias do existencialismo, do personalismo e da fenomenologia. Suas obras importantes são: A filosofia da vontade (primeira parte: O voluntário e o involuntário, 1950; segunda parte: Finitude e culpa, 1960, em dois volumes: O homem falível e A simbólica do mal). De 1969 é O conflito das interpretações. Em 1975 apareceu A metáfora viva. O sentido do trabalho filosófico de Ricoeur deve ser visto em uma teoria da pessoa humana; conceito - o de pessoa - reconquistado no termo de longa peregrinação dentro das produções simbólicas do homem e depois das destruições provocadas pelos mestres da "escola da suspeita". (Nota da IHU On-Line)

[8] Francisco Flávio Leandro Furtado: cantor e compositor brasileiro. Começou a compor aos 13 anos, com fortes influências dos amigos. Participou do primeiro festival em 1985, o "Sementes da Terra", em que se apresentou cantando canções de sua autoria. Integrou como vocalista a Banda Raio Laser, em 1992. Mas seu primeiro CD, Travessuras, foi lançado em 1997. Lançou em 2000 o CD Brasilidade, que mescla forrós pé-de-serra. No ano seguinte, lançou mais um disco, dessa vez de forma acústica e posteriormente o CD Forró Iluminado. (Nota da IHU On-Line)

[9] Flávio José Marcelino Remígio: cantor e compositor brasileiro, intérprete de músicas tradicionais do forró nordestino. Iniciou-se como cantor desde os 7 anos de idade. Tem como principais influências Luiz Gonzaga e Dominguinhos. (Nota da IHU On-Line)

[10] A canção está disponível aqui . (Nota do entrevistado)

 

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