Chile. Murillo e a renúncia dos bispos: “A Igreja deve transformar-se de abrigo para abusadores em abrigo para as vítimas”

Papa francisco na Catedral de Santiago, no Chile | Foto: Imprensa CeCh

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20 Mai 2018

“Parece-me que o que o Papa faz no documento é falar quase explicitamente do que o cardeal Errázuriz fez e deixou de fazer, em como durante anos ele não foi capaz de responder aos chamados de ajuda que muitos de nós lhe fizeram durante muito tempo”, analisou uma das vítimas de abusos de Fernando Karadima.

A reportagem é publicada por El Mostrador, 18-05-2018. A tradução é de André Langer.

José Andrés Murillo, uma das vítimas dos abusos de Fernando Karadima, comentou a decisão dos bispos chilenos de colocar seus cargos à disposição do Papa Francisco, por causa da crise vivida na Igreja Católica.

“Tomara que o Papa aceite as renúncias de todos, porque nenhum deles, durante muito tempo, foi capaz de bater na mesa e dizer ‘eu vou ficar do lado das vítimas’. Todos entraram em um jogo narcisista de poder que olha para si mesmo”, criticou.

Segundo Murillo, após o documento em que o Papa se refere ao relatório elaborado pelo arcebispo de Malta, Charles Scicluna, e pelo padre espanhol Jordi Bertomeu, divulgado pelo Canal 13, “a reação lógica a essa carta era que todos renunciassem, que pusessem seus cargos à disposição do Papa (...) A parte mais forte do documento é quando o Papa os acusa de ações criminosas”.

“Parece-me que o que o Papa faz no documento é falar quase explicitamente do que o cardeal Errázuriz fez e deixou de fazer, em como durante anos ele não foi capaz de responder aos chamados de ajuda que muitos de nós lhe fizeram durante muito tempo”, acrescentou.

Sobre o futuro da Igreja chilena, Murillo argumenta que “quando se faz parte do início de uma ação, não se sabe o que está por vir (...) O que agora deve ser feito não é só aceitar as renúncias (dos bispos), mas há também um questionamento das estruturas de poder da Igreja, do papel das comunidades, do papel do poder da Igreja em mudar as coisas e que me parece que está indo na direção certa”.

“A Igreja deve transformar-se de abrigo para abusadores em abrigo para as vítimas”, precisou.

“Há uma sensação de que durante muito tempo fomos tratados como mentirosos, questionaram nossas vidas, nossas biografias, tudo (...) Nossa única intenção era dizer a verdade, e talvez este seja um pequeno passo”, concluiu.

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