Moçambique – Conflito de Cabo Delgado: os excessos militares correm o risco de comprometer o apoio da população local

Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba. Foto: Vatican Media

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19 Agosto 2020

Chefes de Estado e de Governo da África Austral comprometeram-se a apoiar Moçambique no combate ao "terrorismo e ataques violentos", porém sem especificar como pretendem proceder. É o que afirma um comunicado publicado no final da Cúpula da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), realizada em 17 de agosto.

As forças armadas moçambicanas tentam reconquistar o porto de Mocímboa da Praia depois de um grupo de homens armados da "Província Centro-Africana do Estado Islâmico" (Iscap) ter assumido o seu controlo a 12 de agosto. Na província de Cabo Delgado, a violência dos rebeldes causou mais de 1.000 mortes e deixou 250.000 deslocados desde outubro de 2017.

A reportagem é publicada por Agência Fides, 18-08-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.

Uma das vozes que mais tem se manifestado na defesa da causa dos habitantes de Cabo Delgado é a de D. Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba, de nacionalidade brasileira.


Mapa da África Austral com destaque a Moçambique. Fonte: Wikicommons

O Presidente Filipe Nyusi em Pemba na sexta-feira, 14 de agosto, acusou “aqueles moçambicanos que, bem protegidos, não se preocupam com o sofrimento de quem os protege – incluindo alguns estrangeiros que escolhem livremente viver em Moçambique mas que, em nome dos direitos humanos, não respeitam o sacrifício de quem mantém esta jovem pátria de pé e protegem a sua permanência em Cabo Delgado e em Moçambique em geral”. Segundo vários comentaristas, o presidente Nyusi se referia justamente ao bispo brasileiro.

Fontes da Igreja local relatam que o bispo Lisboa denunciou os excessos das forças armadas na repressão dos jihadistas, muitas vezes envolvendo civis inocentes, mas isso não significa que ele ignore as atrocidades cometidas pelos rebeldes. O bispo, porém, expressa a preocupação de que os abusos cometidos pelas Forças Armadas estejam criando recrutas para os insurgentes, alienando o apoio da população local. A repressão violenta por si só não é suficiente para acabar com a insurreição, mas é necessário compreender as necessidades das populações de uma área muitas vezes ignorada pelas autoridades centrais, ressaltam vários especialistas independentes do conflito.

 


A Pastoral da Comunicação da Diocese de Pemba promoveu dia 19/08 um encontro com a imprensa. Dom Luiz falou do telefonema que recebeu do Papa Francisco e respondeu às perguntas dos jornalistas. 

 

 

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