Papa: para eliminar a fome no mundo não bastam slogans

Mais Lidos

  • “A luta contra o desastre climático deve se unir ao projeto antirracista e anticolonial”. Entrevista com Fatima Ouassak

    LER MAIS
  • A dimensão comunitária do ministério presbiteral: reflexões a partir do decreto Presbyterorum Ordinis. Artigo de Eliseu Wisniewski

    LER MAIS
  • O Consenso de Washington está morrendo

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

15 Fevereiro 2019

“A fome não tem presente nem futuro. Só passado”: uma frase que não deveria só ser ‘slogan, mas uma verdade’. A afirmação foi do Papa Francisco ao abrir o Conselho de Governadores do FIDA [Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola], no encontro que aconteceu na sede da agência das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura (FAO). Francisco, que convocou um Sínodo sobre a Amazônia a ser realizado durante o mês de outubro no Vaticano, também se reuniu com uma delegação de populações indígenas da África, Ásia, América e do Pacífico.

A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican Insider, 14-02-2019. A tradução é de Graziela Wolfart.

“Minha presença [nesta reunião] tem como objetivo trazer a esta sede os anseios e necessidades de uma multidão de irmãos nossos que sofrem no mundo”, disse em espanhol o Pontífice da encíclica “Laudato si’”. “Gostaria que pudéssemos olhar seus rostos sem nos envergonharmos, porque finalmente seu clamor foi ouvido e suas preocupações atendidas”, prosseguiu o Papa, recordando suas “precárias” condições de vida: “o ar está viciado, os recursos naturais dizimados, os rios contaminados, os solos acidificados; não têm água suficiente para eles próprios nem para seus cultivos; suas infraestruturas sanitárias são muito deficientes, suas casas escassas e defeituosas”, afirmou.

Francisco elogiou e animou o compromisso da “comunidade internacional, da sociedade civil e de todos que possuem recursos”, porque “não se deve fugir das responsabilidades, passando-as uns para os outros, mas devem ser assumidas para oferecer soluções concretas e reais”. Também pediu aos participantes que se comprometam para que a difícil frase “A fome não tem presente nem futuro. Só passado” seja “não um slogan, mas uma verdade”.

A chave para acabar com a fome, portanto, é promover o “desenvolvimento rural”, e para isso é necessário garantir “que cada pessoa e cada comunidade possa desenvolver suas próprias capacidades de um modo pleno, vivendo assim uma vida humana digna desse nome”; não aplicando um sistema de ordens que se executem de cima para baixo; “mas trabalhando com eles e para eles”, para que os povos e as comunidades “sejam responsáveis pela própria produção e pelo próprio progresso”, uma vez que “um povo que recebe uma ajuda que gera dependência não pode se desenvolver”. O Papa elogiou a maior descentralização que foi adotada nos últimos tempos pelo FIDA (“a promoção da cooperação sul-sul, a diversificação de fontes de financiamento e as modalidades de ação, promovendo ações baseadas na evidência de que, ao mesmo tempo, gerem consciência”) e animou a “seguir por este caminho, que sempre deveria levar a melhorar as condições de vida das pessoas mais necessitadas”.

Na sede da FAO de Roma, o Papa se encontrou com um grupo de representantes de diferentes populações indígenas. Francisco saudou um a um os 38 delegados de 31 diferentes povos da América, África, Ásia e da zona do Pacífico, segundo explicou o diretor interino da Sala de Imprensa vaticana, Alessandro Gisotti, e alguns lhe deram estolas artesanais. O Fórum Internacional dos Povos Indígenas do FIDA, criado em 2011, é uma plataforma de diálogo permanente entre os representantes dos povos indígenas, o fundo da ONU e os governos internacionais. Este ano, o Fórum se concentra na promoção do uso dos conhecimentos das populações indígenas para permitir desenvolver resiliência em relação ao clima e facilitar um desenvolvimento sustentável.

O Papa, que chegou às 9h da manhã à FAO, voltou ao Vaticano no final da manhã, depois de ter se reunido também com os empregados do FIDA, a quem agradeceu por seu trabalho “contra a corrente” com relação à fome e à miséria espalhadas pelo mundo. Antes de tomar a palavra, Francisco escutou os discursos do presidente do Fundo, o togolês Gilbert Houngbo, do diretor geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, e do presidente do Conselho italiano, Giuseppe Conte, que agradeceu ao Papa por sua “proximidade às agências romanas das Nações Unidas” e por seu compromisso para combater a fome no mundo; e fez isso retomando em seu discurso a receita dos três “t” que o próprio Papa expõe muitas vezes (Terra, Trabalho e Teto). O Papa Francisco também escutou a execução da violinista Midori, “mensageira de paz” para a organização da ONU. O Papa deixou de presente uma escultura da artista argentina Norma D’Ippolito, intitulada “Ecce Homo”, que representa as mãos atadas de um homem.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Papa: para eliminar a fome no mundo não bastam slogans - Instituto Humanitas Unisinos - IHU