30 Outubro 2025
“Hoje, o Rio de Janeiro chora por todas as vidas perdidas - moradores, familiares e também policiais - pois toda morte, em qualquer contexto, é uma ferida aberta no tecido social. Que esta dor se converta em reflexão e compromisso coletivo com a justiça, a dignidade e a vida”, escreve a Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária Nacional.
Eis a nota.
A Pastoral Carcerária Nacional manifesta profundo pesar diante dos acontecimentos recentes na cidade do Rio de Janeiro, nos Complexos da Penha e do Alemão, onde uma megaoperação policial resultou na perda de mais de 130 vidas. Trata-se de uma tragédia que já ultrapassa, em número de vítimas, o Massacre do Carandiru, perpetuando uma dolorosa marca na história de nosso país.
A forma como a força estatal interveio mantém viva uma cultura de violência institucional que, como sociedade, já deveríamos ter superado. A violência jamais pode ser instrumento legítimo de construção da paz.
Hoje, o Rio de Janeiro chora por todas as vidas perdidas - moradores, familiares e também policiais - pois toda morte, em qualquer contexto, é uma ferida aberta no tecido social. Que esta dor se converta em reflexão e compromisso coletivo com a justiça, a dignidade e a vida.
A Pastoral Carcerária Nacional reafirma seu compromisso com a defesa incondicional da vida e da dignidade humana, em todos os espaços e circunstâncias. Estendemos nossa solidariedade e nossas orações às comunidades atingidas e, de modo especial, aos familiares que choram seus entes queridos neste momento de imensa dor - um tempo em que, lamentavelmente, irmãos continuam matando irmãos.
Que esta tragédia sirva como chamado à conversão social e institucional, para que possamos construir um país com menos armas e mais vida; menos desespero e mais esperança; menos repressão e mais convivência humana, justa e solidária.
“Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.” (Mt 5,9)
Coordenação Nacional da Pastoral Carcerária
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