11 Outubro 2025
Entre fé, história e missão, a Padroeira do Brasil continua a inspirar os corações e a missão educativa marista ao longo dos séculos.
O artigo é de Fredson M. Rodrigues, pastoralista no Colégio Marista de Brasília.
Eis o artigo.
Em meio às águas do rio Paraíba do Sul, no início do século XVIII, três pescadores lançaram suas redes sem sucesso até encontrarem uma pequena imagem escurecida de Nossa Senhora. Primeiro o corpo, depois a cabeça. A partir daí, as redes se encheram de peixes e o coração do povo se encheu de fé. Assim nasceu a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Mãe que se manifesta entre os simples e faz das pequenas coisas sinais da presença de Deus.
O Brasil cresceu ao redor dessa devoção. Maria, que apareceu nas águas, tornou-se símbolo de unidade em meio à diversidade, presença materna que acolhe todos os filhos, independentemente de origem, cor ou condição. Em 1930, o Papa Pio XI declarou Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil, reconhecendo nela o rosto materno de um povo que confia, reza e espera. Desde então, o Santuário Nacional de Aparecida é o coração espiritual da nação.
Os Maristas, filhos espirituais de São Marcelino Champagnat, sempre encontraram em Maria — a Boa Mãe — o modelo perfeito de ternura, zelo e fé ativa. Desde a chegada dos Irmãos Maristas ao Brasil, no século XIX, a devoção à Mãe Aparecida entrelaça-se à história da educação e da evangelização marista. O manto azul de Maria cobre nossas escolas, comunidades e obras sociais, inspirando cada educador a viver a fé com simplicidade e amor. Ser marista é viver sob o olhar de Maria e, como ela, dizer “sim” todos os dias ao chamado de Deus.
Essa presença mariana ganhou novo sentido para mim em maio de 2025 quando participei do 1° Encontro Nacional de Pastoralistas Maristas, realizado no Centro Marista São José das Paineiras, em Mendes (RJ). Foram dias de espiritualidade, partilhas e formação sob o tema “A Hermitage que habita em nós: pastoral em brasilidades”. Durante o evento, aconteceu uma romaria ao Santuário Nacional de Aparecida — e eu, que tantas vezes dizia que “um dia iria”, fui surpreendido por um chamado que não partiu de mim, mas do próprio coração da Mãe.
Ao entrar no Santuário, senti-me pequeno diante da grandeza daquele espaço sagrado. Quando alcancei a rampa da Imagem, pensei estar apenas em uma visita, mas me deparei com uma pequena capela iluminada, onde reluzia a imagem de manto azul e coroa dourada, presente da Princesa Isabel. Fui tomado por uma emoção que não se explica — apenas se vive. As lágrimas vieram, e sem conseguir contê-las, ajoelhei-me, e pensei em tantos milagres que aconteceram ali, diante daquela pequena imagem, de um povo sedento de Deus, sedento do céu e sedento de justiça com a esperança em uma mãe que intercede por um país inteiro. Pedi pela minha família e por um Papa segundo o Coração de Jesus. Às 13h10, enquanto eu me encontrava ao lado dos sinos do Santuário, eles começaram a tocar anunciando a fumaça branca na Capela Sistina. Entendi, naquele instante, que Maria havia transformado minha visita em um encontro especial.
Nossa Senhora Aparecida continua a ensinar ao Brasil que a fé nasce da confiança, que o amor é mais forte que o medo e que Deus se revela nos gestos simples. Ser devoto dela é assumir o compromisso de cuidar, educar e servir com o coração, assim como Champagnat o fez.
No dia 12 de outubro, celebramos não apenas a Padroeira do Brasil, mas a Boa Mãe que caminha conosco e cobre de ternura as escolas, os lares e as estradas da nossa história. Em Aparecida/SP, o Brasil encontra o seu coração, o rosto mais doce da missão que começou com um jovem padre francês e continua viva no amor de Maria.
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