01 Outubro 2025
Dom Joseph Tyson, bispo de Yakima, Washington, está pedindo às autoridades federais que libertem um homem local que foi detido por agentes de imigração em meados de setembro.
A reportagem é de Brian Fraga, publicada por National Catholic Reporter, 30-09-2025.
De acordo com notícias locais e declarações de autoridades diocesanas, José López, um migrante indocumentado do México, foi detido em 11 de setembro por agentes federais que pararam seu veículo em Yakima.
Os agentes disseram que López correspondia à descrição do antigo proprietário do veículo que dirigia. Embora não fosse o homem que os agentes procuravam, López foi preso — supostamente por desobedecer às ordens dos agentes — e agora está detido em um centro de detenção federal em Tacoma, Washington.
"Houve uma espécie de discriminação racial aqui", disse Tyson ao National Catholic Reporter em uma recente entrevista por telefone, onde disse que o governo federal deveria libertar López em nome da justiça.
"O Sr. López administra uma construtora. Ele opera legalmente no estado, sem antecedentes criminais. Ele realiza seu trabalho diário e paga seus impostos", disse Tyson.
Em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, López é visto ajoelhado no chão de um estacionamento com as mãos algemadas. A pessoa que gravou o vídeo pergunta seu nome, ao que López responde em espanhol: "Eu não fiz nada. (...) Eles simplesmente vieram, me pararam, não me perguntaram nada."
O filho de López disse ao Yakima Herald-Republic que os agentes quebraram duas janelas do veículo e retiraram seu pai, que sofreu um ferimento no olho, do veículo.
Tyson pediu a libertação de López enquanto pregava na missa de 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz, na Catedral de São Paulo, em Yakima. Em sua homilia, Tyson disse que López trabalhava nos Estados Unidos há mais de 20 anos.
"Se for verdade que José López foi identificado erroneamente, então, moralmente falando, ele deveria ser libertado da prisão", disse Tyson. "José López deveria ser libertado imediatamente. Ele deveria ser libertado agora."
No entanto, uma declaração preparada enviada por e-mail ao NCR, atribuída a Tricia McLaughlin, secretária assistente de relações públicas do Departamento de Segurança Interna dos EUA, sugere que autoridades federais não estão abertas a libertar López.
"Sob o comando do presidente Trump e da secretária [da Administração Interna] [Kristi] Noem, se você infringir a lei — incluindo motoristas bêbados em série — você enfrentará as consequências. Imigrantes ilegais criminosos não são bem-vindos nos EUA. Estamos colocando a segurança do povo americano em primeiro lugar", disse McLaughlin.
A Rede de Resposta a Imigrantes de Yakima informou que a prisão de López foi uma das pelo menos seis realizadas por agentes de imigração na região de Yakima nos dias 11 e 12 de setembro. As prisões ocorreram em meio aos esforços contínuos do governo Trump para intensificar as operações de fiscalização da imigração.
"Há um medo enorme entre nossas comunidades de imigrantes", disse Tyson, que contou ao NCR que os católicos locais de língua espanhola têm se concentrado na questão da fiscalização da imigração.
Em contraste, Tyson disse que os católicos que falam inglês têm ficado mais preocupados com as notícias do assassinato do ativista de direita Charlie Kirk em 10 de setembro,
Um relatório recente encomendado por um grupo de organizações cristãs, incluindo a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA sobre Serviços de Migração e Refugiados, descobriu que 10 milhões de cristãos nos Estados Unidos correm o risco de serem deportados devido ao plano do governo Trump de realizar a maior deportação em massa da história dos EUA.
Divulgado em abril, o relatório estimou que cerca de um em cada cinco católicos está vulnerável à deportação ou corre o risco de ver um familiar deportado. Na Diocese de Yakima, Tyson afirmou que um em cada dois católicos corre risco de deportação.
"Em cerca de metade das famílias dos nossos paroquianos, alguém está em risco", disse Tyson. "Tenho um padre cujos pais estão em processo de autodeportação."
O padre Jesús Mariscal, padre da Diocese de Yakima que atua como vigário paroquial na Catedral de São Paulo, disse ao National Catholic Reporter que conhece muitos migrantes locais que colocaram suas vidas em espera em meio a toda a incerteza.
"As pessoas estão pedindo aos parentes documentados para irem às compras. Aqueles que não têm ninguém para fazer isso por eles, ou vão ao supermercado muito tarde ou muito cedo", disse Mariscal. Ele acrescentou que, para muitos, a vida social não vai muito além da frequência à missa.
"As pessoas têm medo", disse ele. "Em algumas creches daqui, me contam que muitos clientes trazem os filhos para passar o dia e dão procuração para eles, caso não voltem do trabalho. Isso é muito triste."
Em um recente envio semanal aos padres da diocese, Tyson destacou as origens imigrantes de vários padres e seminaristas locais, alguns dos quais compartilharam em fóruns locais de imigração as histórias angustiantes de suas famílias usando coiotes para cruzar a fronteira para os Estados Unidos.
"Como as histórias vinham de padres, suas histórias de migração e sua conexão entre sua vocação ao sacerdócio e sua migração de estilo bíblico, até mesmo os paroquianos ambivalentes foram receptivos", disse Tyson.
O bispo também observou que a Diocese de Yakima mantém uma página online de recursos de imigração com links em inglês e espanhol para que as pessoas conheçam seus direitos caso sejam confrontadas por agentes federais de imigração. A página também recomenda que as famílias tenham um plano de preparação para emergências caso um parente seja detido.
Tyson também aconselhou que ninguém jamais compareça sozinho a uma reunião com o Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA, acrescentando que, de preferência, leve um advogado. Ele também pediu ao clero local, bem como a leigos, que se ofereçam para acompanhar as pessoas em suas consultas com o ICE.
"É um momento realmente desafiador", disse Tyson.
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