28 Agosto 2025
"A guerra entre os brancos está caminhando para uma conclusão (temporária) com o seguinte resultado: a civilização branca é dominada pelas potências nucleares do Ártico (EUA e Rússia), a União Europeia é um morto-vivo e a Ucrânia se tornou um país destruído, empobrecido e despovoado, forçado a entregar seus recursos para aqueles que primeiro a empurraram para a guerra, depois a enganaram e finalmente a traíram", escreve Franco “Bifo” Berardi, filósofo, escritor e ativista italiano, em artigo publicado por CRXT, 27-08-2025.
Eis o artigo.
A CNN mostra imagens do funeral de um jovem soldado ucraniano. Sua esposa chora ao lado do caixão e deposita flores.
Bandeiras vermelhas e pretas, um grande A dentro de um círculo em primeiro plano.
Lembro-me que, desde os primeiros dias desta guerra, Vasyl, um amigo ucraniano que se autodenomina anarco-socialista, me escreveu: “Se Putin vencer, o fascismo prevalecerá em todo o mundo”.
Ele estava certo, e hoje o triunfo do fascismo pode ser visto em todos os lugares.
O problema é que o fascismo teria prevalecido no mundo todo mesmo se Zelensky tivesse vencido a guerra.
Mas ver imagens de um jovem anarquista que poderia ter sido meu aluno se tivesse ensinado em Kiev é de partir o coração; ver as lágrimas da garota que era sua parceira é de partir o coração.
A cúpula de Washington, por outro lado, com Trump cumprimentando os perdedores com um sorriso sarcástico, foi cômica.
Zelensky, vestindo um terno escuro alugado para a ocasião, parecia ridículo.
Sentado na mesma cadeira que ocupava em fevereiro, quando Vance o insultou e Trump o humilhou diante de um bilhão de espectadores, o perdedor agradece, agradece e agradece.
Não está claro para mim por que você está agradecendo a eles.
O homem a quem ele agradece acaba de retornar de uma reunião com Putin, procurado por uma acusação criminal internacional. No Alasca, eles concordaram em questões relacionadas à divisão do Ártico e também, marginalmente, sobre a rendição incondicional da Ucrânia. Foi disso que se tratou a cúpula do Alasca, embora os comediantes europeus (tio Macron, tia Meloni, avó Ursula e os outros parentes do perdedor ucraniano) finjam falar sobre as garantias que serão dadas ao neto. Ninguém menciona a palavra "Donbass" ou "Crimeia"; isso seria de mau gosto.
O que ficará registrado na história como a Guerra da Ucrânia (se historiadores existirem no futuro, o que duvido) começou como um golpe de gênio do governo Biden. Causar um massacre na fronteira leste da Europa tinha como objetivo, simultaneamente, destruir a Europa e enfraquecer a Rússia.
O primeiro objetivo foi perfeitamente alcançado. Se você quer entender a importância da Europa hoje, basta olhar para Macron sentado ao lado de Trump, que recentemente o tratou publicamente como um idiota que fala sobre coisas que não entende. No entanto, Macron finge que está tudo bem com o Poderoso Chefão e, com uma expressão um tanto nervosa, diz algo irrelevante enquanto o Poderoso Chefão sorri sarcasticamente.
O primeiro objetivo foi perfeitamente alcançado: as relações econômicas entre a Rússia e a Alemanha foram rompidas e o gasoduto North Stream 2 foi interrompido. Vance degradou a União: "Primeiro eram súditos, agora são inimigos", declarou o número dois em Munique.
Punidos com tarifas que em breve afundarão a economia europeia, os súditos que se tornaram inimigos devem agora investir seu capital no país que os humilha e comprar armas daqueles que traíram a Ucrânia para abastecer uma Ucrânia debilitada.
A guerra entre os brancos está caminhando para uma conclusão (temporária) com o seguinte resultado: a civilização branca é dominada pelas potências nucleares do Ártico (EUA e Rússia), a União Europeia é um morto-vivo e a Ucrânia se tornou um país destruído, empobrecido e despovoado, forçado a entregar seus recursos para aqueles que primeiro a empurraram para a guerra, depois a enganaram e finalmente a traíram.
Quanto ao segundo objetivo (enfraquecer a Rússia), fracassou completamente, porque os americanos, como sabemos, são inconstantes. Começam guerras em lugares distantes como o Afeganistão, depois esquecem por que o fizeram e deixam seus protegidos (especialmente os protegidos) nas mãos de assassinos.
Então, em vez de Biden, o inimigo dos russos, chegou o melhor amigo de Vladimir Putin, e meio milhão de ucranianos (mais? Menos? Nunca saberemos) morreram em vão. Ou seja, para defender as fronteiras sagradas da pátria e, como sempre, para serem enganados pelo nacionalismo dos palhaços.
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