26 Junho 2025
Depois de uma “guerra que durou 12 dias”, os jornais franceses desta quarta-feira (25) analisam o frágil cessar-fogo entre Israel e o Irã e a participação do presidente americano Donald Trump na trégua, anunciada 48 horas depois dos ataques americanos a instalações nucleares iranianas.
A reportagem é publicada por RFI, 26-06-2025.
Após envolver os Estados Unidos na guerra, Trump impõe um cessar-fogo: “uma demonstração de força lucrativa, mas até quando vai durar a paz?”, questiona Libération. O presidente americano, que sonha com um Prêmio Nobel da Paz, soube resistir à tentação de derrubar o regime iraniano, acredita o jornal.
Teerã garante que não está fabricando uma bomba nuclear e que está disposta a negociar. Mas não há certeza de que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que passa de uma guerra a outra desde 7 de outubro de 2023, aceitará deixar o fragilizado guia supremo do Irã, Ali Khamenei, no poder.
Sobretudo porque a ameaça nuclear iraniana continua a existir, como salienta Le Monde. Ao que tudo indica, o país ainda conta com um estoque de urânio altamente enriquecido e com meios para militarizá-lo.
A pressa do governo americano em declarar o fim das capacidades nucleares iranianas e em proclamar um cessar-fogo, para o jornal, demonstram que Washington não quer ser responsabilizado pela instabilidade no Oriente Médio.
Para o Le Monde, a estratégia de Trump de não se submeter às regras da coerência oferece muita flexibilidade. Exatamente 48 horas depois de bombardear três instalações nucleares do Irã, o presidente americano detalhou a "coreografia da paz". As contradições e a imprevisibilidade do magnata fazem com que seus atos sejam difíceis de interpretar, tanto para seus aliados quanto para os inimigos, diz a publicação.
O mais extraordinário é que a manobra de Trump pode funcionar, diz Le Figaro. A etapa mais difícil de um cessar-fogo é sua aplicação. Talvez o presidente americano tenha anunciado o fim dos combates muito cedo, mas é possível que consiga uma suspensão das hostilidades. Netanyahu não pode se permitir ignorar por muito tempo Trump como fazia com Joe Biden. Já os iranianos têm um grande interesse em sair de um conflito que custou caro para eles. "A diplomacia de Trump tem mais chances de vencer neste terreno que em outros campos de batalha", conclui o jornal.
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