07 Março 2025
“Qualquer esforço de diálogo credível e sincero deve ser apoiado por uma forte solidariedade transatlântica e global e deve envolver a vítima da agressão: a Ucrânia. Rejeitamos firmemente qualquer tentativa de distorcer a realidade desta agressão”, escreve a presidência da comissão permanente da Conferência dos Bispos da União Europeia no comunicado divulgado no dia 4 de março em que apela à unidade e solidariedade da Europa para com a Ucrânia.
A informação é publicada por 7 Margens, 05-03-2025.
É mais uma voz de representantes católicos de alto nível que vem a público discordar da argumentação e perspectivas do Presidente americano. Sem nunca o nomear, os bispos europeus são suficientemente explícitos quando dizem que, “face às crescentes complexidades geopolíticas e à imprevisibilidade das ações tomadas por alguns membros da comunidade internacional”, apelam “à União Europeia e aos seus Estados-Membros para que permaneçam unidos no seu compromisso de apoiar a Ucrânia e o seu povo”.
Explícitos também o são na crítica de vários pontos enunciados por Trump para acabar com a guerra na Ucrânia. Além de sublinharem que estamos perante “uma invasão massiva e injustificável por parte da Rússia”, afirmam que “um futuro acordo de paz deve respeitar plenamente o direito internacional e basear-se em garantias de segurança eficazes para evitar o ressurgimento do conflito”. Sem reservas, o comunicado apoia a futura entrada do país na União e pede à UE para “avançar no processo de alargamento de forma atempada e justa, tal como com os outros países candidatos”.
Os bispos da UE têm, assim, uma visão do passado e do futuro do conflito muito diferente daquela que Washington quer impor. É nesta linha que escrevem: “A invasão da Ucrânia pela Rússia é uma violação flagrante do direito internacional. O uso da força para modificar as fronteiras nacionais e os atos atrozes cometidos contra a população civil não são apenas injustificáveis, mas exigem que justiça seja feita e a responsabilização estabelecida. Uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia só pode ser alcançada através de negociações”.
No seu comunicado pode ainda ler-se a manifestação de gratidão “aos decisores da UE pelo apoio humanitário, político, econômico, financeiro e militar sem precedentes que prestaram à Ucrânia e ao seu povo nos últimos anos” e o apelo para que “a comunidade internacional continue a ajudar a Ucrânia a reconstruir as infraestruturas destruídas. A Rússia, o agressor, deve participar adequadamente neste esforço”.
Para “restaurar o tecido social da Ucrânia, reforçar a sua coesão social e enveredar pelo caminho da reconciliação a longo prazo”, os bispos lembram que “será igualmente importante que os direitos de todas as comunidades, incluindo a minoria de língua russa, sejam mantidos e protegidos”.