24 Junho 2023
A reportagem foi publicada por Religión Digital, 23-06-2023.
O Papa Francisco se reuniu hoje no maravilhoso cenário da Capela Sistina com cerca de 200 artistas de todo o mundo, a quem pediu que não se esqueçam dos pobres, pois eles também "necessitam de arte e beleza" e que "interpretem seu grito silencioso".
"Antes de me despedir, ainda tenho uma coisa a dizer, que está próxima do meu coração. Gostaria de lhes pedir que não se esqueçam dos pobres, que são os prediletos de Cristo, em todas as formas em que se é pobre hoje. Até os pobres necessitam de arte e beleza", disse Francisco aos escritores, pintores, cantores e outros artistas também provenientes da Espanha, México, Argentina e Brasil, entre outros.
O escritor Javier Cercas estava entre os artistas que Francisco conheceu. (Foto: Vatican Media)
Francisco lembrou que "alguns experimentam formas muito duras de privação de vida e, por isso, necessitam ainda mais. Normalmente, não têm voz para se fazer ouvir" e então pediu que "interpretem seu grito silencioso".
"Desejo que suas obras sejam dignas dos homens e mulheres desta terra, e que glorifiquem a Deus, que é o Pai de todos, a quem todos buscam, inclusive através da arte", concluiu, e depois cumprimentou individualmente os presentes, apenas alguns dias após ter recebido alta de sua cirurgia por uma hérnia abdominal.
Em seu longo discurso, o Papa também os convidou a "fugir do poder sugestivo dessa suposta beleza artificial e superficial que hoje é difundida e muitas vezes é cúmplice dos mecanismos econômicos que geram desigualdades" e que "é uma falsa beleza cosmética, uma maquiagem que oculta em vez de revelar".
Audiência com artistas na Capela Sistina (Foto: Vatican Media)
Ele agradeceu aos artistas por serem "também sentinelas do verdadeiro sentido religioso, às vezes banalizado ou comercializado". "Ao serem videntes, sentinelas, consciências críticas, sinto-os aliados em tantas coisas que são próximas do meu coração, como a defesa da vida humana, a justiça social dos últimos, o cuidado de nossa casa comum, sentindo-nos todos irmãos", apontou.
"A arte nunca pode ser um anestésico; ela traz paz, mas não adormece as consciências, ela as desperta. Vocês, artistas, frequentemente tentam sondar até mesmo o submundo da condição humana, os abismos, as partes escuras. Não somos apenas luz, e vocês nos lembram disso; mas é necessário lançar a luz da esperança na escuridão da humanidade, do individualismo e da indiferença. Ajudem-nos a vislumbrar a luz, a beleza que salva", indicou.
Diante de uma época que definiu como "de colonização ideológica midiática e de conflitos dilacerantes", o Papa pediu que os artistas cultivem "o princípio da harmonia para habitar mais o nosso mundo".
Francisco chega à Capela Sistina para seu encontro com os artistas. (Foto: Vatican Media)
Este evento foi realizado por ocasião do 50º aniversário da inauguração da Coleção de Arte Moderna e Contemporânea dos Museus do Vaticano e para recordar uma série de encontros papais dedicados aos artistas, cujo primeiro ato remonta a 1964, quando Paulo VI pediu a renovação da amizade entre a Igreja e os próprios artistas.
Sentados na Capela Sistina estavam os mexicanos Bárbara Gil, Alejandra Gómez Macchia, Brenda Lozano; os argentinos Leandro Erlich, Raúl Gabriel e Pablo Reinoso, e os espanhóis Javier Cercas, Cristina Morales e Vicente Amigo, entre outros.
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Pedido de Francisco aos artistas: “Interprete o grito silencioso dos pobres” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU