“A Igreja precisa mudar de mentalidade. Caso contrário corre o risco de ficar atrasada em 200 anos”, constata o papa Francisco

Foto: Vatican Media

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06 Janeiro 2020

A Igreja deve abrir e se abrir para as mudanças. Reconhecendo que "não estamos mais em um regime de cristandade". Caso contrário, como afirmou o cardeal Martini, ficará "200 anos atrasada". O Papa Francisco disse isso no tradicional encontro com a Cúria Romana para os votos de Natal, durante o qual ele expressa sua visão programática para o ano novo. O discurso também foi uma oportunidade de tirar do cargo o cardeal Sodano, que renunciou ao posto de decano do Colégio cardinalício. Bergoglio dedica seu discurso à reforma do tabuleiro de xadrez do Vaticano, que ele está preparando com o Conselho de Cardeais (C6). São esperadas variações dos pesos específicos e dos equilíbrios de poder entre os dicastérios. Assim, o Papa adverte: pode acontecer de viver as transformações “limitando-se a envergar um vestido novo e, depois, permanecer como se era antes". E ele cita "Il Gattopardo": "Se queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude".

A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por La Stampa, 22-12-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Por outro lado, nos círculos eclesiásticos, a atitude "sadia" necessária é "deixar-se questionar pelos desafios do tempo presente". Partindo de um pressuposto: “Não estamos mais na cristandade, não mais! Hoje já não somos mais os únicos que produzem cultura, nem os primeiros nem os mais ouvidos”. Hoje, as sociedades não estão mais "em um regime de cristandade porque a fé já não constitui mais um pressuposto óbvio da vida habitual"; aliás, muitas vezes "é negada, depreciada, marginalizada e ridicularizada". É, portanto, urgente uma mudança de "mentalidade" na Igreja, "que não significa passar para uma pastoral relativista", tão temida pelos círculos mais conservadores.

A saída de Sodano

Termina a era do cardeal piemontês de 92 anos, figura influente e controversa, especialmente nos pontificados de São João Paulo II e Bento XVI, núncio no Chile e secretário de Estado. Sodano também esteve no centro de polêmicas e ataques a uma linha de governo considerada suave demais contra os casos de abusos sexuais na Igreja. Entre os que o acusaram, o cardeal arcebispo de Viena, Cristoph Schönborn. Ele agora é Decano emérito. É uma novidade absoluta. A figura que preside o Colégio não tem poderes de governo sobre os outros cardeais, é um "primus inter pares". Torna-se crucial na época do Conclave: ele o convoca e, se tiver menos de 80 anos, o preside. O cargo não tinha vínculo de duração. Até ontem. Bergoglio de fato estabeleceu que "continuará a ser eleito", mas permanecerá "no cargo por cinco anos".

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